Saúde

Fibromialgia acomete cerca de 2,5% da população brasileira

Em entrevista, reumatologista explica sintomas e características da doença

Por Ane Catarine Lima
Ás

Fibromialgia acomete cerca de 2,5% da população brasileira

Foto: Pexels

Celebra-se nesta sexta-feira 12 de maio o Dia Nacional de Conscientização à Fibromialgia. Embora ainda seja pouco conhecida e muitas vezes mal compreendida pelas pessoas, essa doença é caracterizada por dores musculares crônicas e não tem cura. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, estima-se que a fibromialgia acomete cerca de 2,5% da população brasileira, com maior incidência em mulheres entre 30 a 50 anos.

Em entrevista ao Farol da Bahia, a reumatologista da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso), Ana Clara Ribeiro Gazeta, afirmou que a síndrome de fibromialgia é uma doença causada por desregulação das vias de percepção de dor no cérebro. Segundo ela, os pacientes também podem desenvolver distúrbios de sono e sintomas de depressão.

“A fibromialgia é uma síndrome que cursa com dor crônica. Não é autoimune. É uma doença causada por desregulação das vias de percepção de dor no cérebro, como se ‘aumentasse o volume’ da dor percebida pelo indivíduo. A dor é de padrão inespecífico, sem horário de preferência, e sem fatores de melhora ou piora, contínua e intensa”, explicou a especialista.

"Além da dor, geralmente os pacientes podem apresentar distúrbios de sono, como insônia, e sintomas depressivos ou ansiosos. Também podem apresentar sintomas como intestino irritável, pernas inquietas e outras dores, como satisfeitos", completou. 

O motivo exato da maior incidência da fibromialgia em mulheres na faixa etária entre 30 e 50 anos ainda não é completamente compreendida. No entanto, segundo a reumatologista, acredita-se que fatores hormonais, genéticos e psicológicos podem estar envolvidos. 

Ana Clara alerta ainda que “pacientes com doenças reumatológicas autoimunes, como lúpus, espondilite anquilosante ou artrite reumatoide, têm maior risco de ter fibromialgia do que a população em geral”.

Dentre outros fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de uma pessoa desenvolver a doença, a especialista cita: histórico familiar (pessoas com parentes próximos que têm fibromialgia têm mais chances de desenvolver a doença) e episódios psicossociais.

Prevenção

De acordo com Ana Clara, não existe uma forma conhecida de prevenir a fibromialgia. No entanto, é possível adotar alguns hábitos saudáveis ​​que podem reduzir o risco de desenvolver a doença ou ajudar a aliviar os sintomas.

“Ter acompanhamento psicológico adequado, uma rede de apoio e um estilo de vida saudável são fatores positivos tanto para uma possível prevenção e, com certeza, ajudará no tratamento”, disse a reumatologista.

“Muitas vezes, a fibromialgia é desencadeada por uma dor crônica localizada, como dor lombar crônica ou artrose de  joelhos. Assim, o tratamento adequado para essas patologias, seja via medicamentosa ou com fortalecimento muscular, também pode ter um papel na prevenção”, completou.

Tratamento

O tratamento para fibromialgia pode envolver o uso de medicamentos, como analgesias, antidepressivos e anticonvulsivantes, além de terapias complementares, como fisioterapia, acupuntura, e psicoterapia. Atualmente, ainda segundo a reumatologista entrevistada, o tratamento se baseia em quatro pilares.

"Os três mais importantes são: ajuste de distúrbio de sono, atividade física regular, acompanhamento psicológico adequado e medicamentos. Os remédios vão apoiar o tratamento a curto e médio prazo, ajudando na ansiedade, na depressão e na melhora do padrão de sono", explicou Ana Clara.

"São utilizados medicamentos antidepressivos e anticonvulsivantes, que além de ajudar nos distúrbios de humor e sono, vão atuar na alteração da percepção de dor no cérebro, 'enganando-o' para que não perceba mais a dor como algo tão incômodo", concluiu.

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