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Fiocruz: pesquisa aponta panorama inédito dos bancos de alimentos do Brasil

Estudo mostrou quantos são, a distribuição pelo país, de que forma desempenham suas atividades e se estão cumprindo os objetivos a que se propõem

Por Da Redação
Ás

Fiocruz: pesquisa aponta panorama inédito dos bancos de alimentos do Brasil

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Um estudo da Fiocruz, fruto da tese de doutorado da estudante do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Fiocruz Minas Natalia Tenuta, sob orientação do pesquisador Rômulo Paes, líder do Grupo de Políticas de Saúde e Proteção Social, traçou um panorama inédito de todos os bancos de alimentos que atuam no território brasileiro. A pesquisa mostrou quantos são, como estão distribuídos pelo país, de que forma desempenham suas atividades e ainda se estão cumprindo os objetivos a que se propõem.

De acordo com o levantamento, 42,86% dos bancos são de alimentos públicos, administrados e mantidos pelas prefeituras, enquanto 41,01% são bancos de alimentos da Rede Mesa Brasil, implantados e gerenciados pelo Sesc. Ainda há 11,98% de bancos de alimentos das organizações da sociedade civil e 4,15% são os bancos de alimentos localizados dentro das centrais de abastecimento, sendo administrados e mantidos pelas próprias centrais de abastecimento. 

Ainda segundo o estudo, há duas modalidades operacionais em que os bancos de alimentos operam: convencional e colheita urbana. Na convencional, o banco de alimentos está sediado em um prédio adaptado para serviços administrativos e operacionais, como triagem, armazenamento, porcionamento e distribuição de alimentos para doação aos beneficiários. Já na modalidade colheita urbana, apenas as atividades administrativas são realizadas em uma matriz. A equipe operacional desses bancos vai até os parceiros doadores para coletar as doações e realiza, no próprio estabelecimento doador, as etapas de triagem e porcionamento, seguidas da entrega imediata dos alimentos aos beneficiários.

No que se refere à distribuição geográfica, a pesquisa constatou que existem bancos de alimentos nas 27 unidades federativas do país, estando mais concentrados na Região Sudeste, com destaque para os estados e Minas Gerais e São Paulo, seguido por Sul e Nordeste. Vários estados, principalmente da Região Norte, não contam com essa modalidade de gestão.

Outro importante aspecto verificado foi o desempenho dos bancos de alimentos. Os resultados mostraram que 46,54% dos bancos de alimentos firmam parcerias com empresas que atuam no final da cadeia de abastecimento alimentar, como armazéns, mercados, supermercados e hipermercados. 

A atuação em rede também fez parte da análise. Conforme a pesquisa, 57,60% dos bancos de alimentos participam de redes locais e/ou regionais. Essa forma de atuar ocorre em 92,31% dos bancos de alimentos das organizações da sociedade civil, em 58,06% dos bancos de alimentos públicos, em 48,31% dos bancos de alimentos da Rede Mesa Brasil Sesc e em 44,44% dos bancos de alimentos das centrais de abastecimento.

Os resultados também mostraram que 41,47% dos bancos têm famílias em risco social como principais beneficiárias, enquanto 36,87% atendem principalmente crianças, por meio da entrega de doações de alimentos a instituições de creche. Nas quatro modalidades, esses dois perfis de beneficiários são os mais expressivos.

Outro aspecto verificado foi o perfil nutricional dos alimentos mais recebidos pelos bancos de alimentos. Constatou-se que 85,25% dos bancos brasileiros têm frutas e hortaliças como o tipo de alimento mais recorrente nos estoques operacionais, característica detectada em 96,63% das instalações da Rede Mesa Brasil Sesc, em 91,40% dos bancos de alimentos públicos municipais e em 88,89% dos instalados em centrais de abastecimento. 

No que se refere à qualidade, 90,32% dos bancos de alimentos brasileiros relataram que utilizam até 75% do volume total de alimentos coletados. Desses, destacam-se os bancos de alimentos das organizações da sociedade civil e a Rede Mesa Brasil Sesc por apresentarem as maiores taxas de recuperação, utilizando 96,15% e 95,51% dos alimentos arrecadados, respectivamente.

Por fim, o estudo também constatou o cumprimento do terceiro objetivo dos bancos, ou seja, promover ações de educação alimentar e nutricional. Em 87,56% dos bancos, as atividades são voltadas para instituições, famílias beneficiárias e pessoas físicas (87,56%), seguidas de ações voltadas para seus colaboradores e funcionários (86,64%). As atividades educativas são oferecidas aos parceiros doadores por 75,12% dos bancos de alimentos. 

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