Fornecedor afirma que alterou certificado de ingrediente usado em petisco para 'manter relacionamento com cliente'
Contaminação causou mais de 100 internações e mortes de pets no país

Foto: Reprodução/TV Globo
O dono da fornecedora de propilenoglicol A&D Química, em Arujá, na Grande São Paulo, afirmou em depoimento que alterou o certificado da matéria-prima usada na produção de alimentos para "manter bom relacionamento com cliente". A empresa é uma das investigadas no caso de contaminação de petiscos para cachorros que causou mais de 100 internações e mortes de pets no Brasil.
A A&D Química forneceu o composto químico para a TecnoClean, que, por sua vez, revendeu para Bassar, Petitos, Bella Donna Produtos Naturais, FVO – Brasília Indústria, Peppy Pet e Upper Dog. Todas as citadas tiveram que fazer recall de lotes de produtos.
De acordo com o relato, o fornecedor resolveu atender o pedido para “manter o bom relacionamento com o cliente” e alterou os certificados solicitados para "grau USP", ou seja, incluiu o grau estabelecido para itens alimentícios nos laudos apesar de os produtos não terem.
O grau USP atesta que a substância está pura o suficiente para ser usada em itens alimentícios, permitindo que o produto seja ingerido por humanos ou animais.
Conforme a investigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a causa da contaminação foi a incorreta identificação de lotes de monoetilenoglicol, uma substância que tem seu uso proibido na produção de alimentos para humanos e animais, como se fossem lotes de propilenoglicol.
O monoetilenoglicol é uma substância tóxica, usada para resfriar motores ou radiadores de carros. Ele altera o metabolismo das membranas celulares e pode causar vômito, diarreia, chegando até os rins, que são os mais afetados.