Frigoríficos propagaram o novo coronavírus no interior do país, diz MPT
No sul do Brasil, das 30 cidades com casos de Covid-19, 28 cedem mão de obra para o setor
Foto: Divulgação/ Agência Pará
Com o avanço do novo coronavírus no Brasil, trabalhadores de frigoríficos se tornaram alvo da doença, que já ultrapassa a marca de um milhão de infectados, segundo o consórcio de veículos de imprensa. Com esse cenário se repetindo em diversas famílias no início de maio, a Procuradoria-Geral do Trabalho (PGT) anunciou a realização de inspeções em mais de 60 frigoríficos em 11 estados, entre eles Rondônia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As informações são da Agência Pública.
De acordo com o relatório do Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), oito empresas do setor precisaram suspender suas atividades durante o mês por causa da disseminação da Covid-19.
Em São Miguel do Guaporé, em Rondônia, onde grande parte da cidade trabalha na empresa JBS, até 17 de junho, a cidade já registrava seis mortes e 617 casos confirmados da infecção. Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), ao menos 260 dos casos confirmados são de trabalhadores do frigoríficos.
Como alto índice de contaminados, a Justiça do Trabalho de Rondônia obrigou a empresa a adotar medidas de segurança, como testagem em massa de seus trabalhadores, para que assim, pudessem retomar as atividades. No dia 5 de junho, a JBS anunciou o retorno da unidade após ter realizado "uma triagem rigorosa em 100% dos funcionários".
A procuradora Priscila Dibi Schvarcz, do MPT no Rio Grande do Sul, afirma que o deslocamento de trabalhadores de diversos municípios diferentes para cidades com sede de frigoríficos teve contribuição para a propagação do vírus elas cidades do interior. No estado em que atua, ela pontua que dos 30 municípios gaúchos que lideram o número de casos de Covid-19, 28 são sede de frigoríficos ou cedem trabalhadores para as empresas.
Com tantos casos que se repetem por todo o país, o MPT emitiu recomendações e quais medidas preventivas poderiam ser adotadas nessas situações. Mas, o órgão encontrou resistência por parte das empresas na efetivação das ações.
Até o final de maio, o MPT já somava mais de 172 denúncias trabalhistas em todo o Brasil sobre empresas de "abate de reses" e "abate de suínos e aves".