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Gagueira atinge milhões de brasileiros e destaca papel da Fonoaudiologia no tratamento e na inclusão!

O Dia Internacional de Atenção à Gagueira reforça a importância da informação e do diagnóstico precoce, fundamentais para melhorar a fluência e o bem-estar comunicativo

Por Michel Telles
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Gagueira atinge milhões de brasileiros e destaca papel da Fonoaudiologia no tratamento e na inclusão!

Foto: Divulgação

Criado em 1998 pela International Fluency Association e pela International Stuttering Association, o Dia Internacional de Atenção à Gagueira, celebrado em 22 de outubro, tem como objetivo combater o preconceito e ampliar a conscientização sobre um distúrbio que afeta a comunicação e a qualidade de vida de milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, cerca de 2 milhões de pessoas convivem com a gagueira persistente, um distúrbio que interfere na fluência da fala e pode se manifestar por repetições de sílabas, prolongamentos de sons ou bloqueios na hora de falar.

A gagueira, ou distúrbio de fluência, costuma surgir na infância, entre os 2 e 5 anos de idade, quando a fala ainda está em desenvolvimento. Embora muitas crianças superem essa fase naturalmente, parte delas mantém os sintomas na vida adulta.   “As rupturas na fala acontecem de forma involuntária e não têm relação com o pensamento ou com o conteúdo da mensagem. É importante lembrar que quem gagueja sabe exatamente o que quer dizer, mas enfrenta uma dificuldade motora momentânea para colocar a palavra para fora”, explica a fonoaudióloga Carolina Pamponet, especialista em motricidade orofacial e no tratamento dos distúrbios da voz falada e cantada.

Estudos apontam que a gagueira tem origem multifatorial, com influências genéticas, neurológicas e emocionais. Filhos de pessoas que gaguejam têm maior probabilidade de apresentar o distúrbio. Além disso, pesquisas mostram diferenças no funcionamento cerebral de indivíduos com esta condição, especialmente nas áreas que controlam os movimentos da fala. “Em alguns casos, situações de estresse e ansiedade podem intensificar as repetições ou os bloqueios, mas a gagueira não é causada por nervosismo ou timidez, como muitas pessoas ainda acreditam”, reforça a fonoaudióloga que também atua na preparação vocal de cantores de alta performance há mais de 20 anos.

A gagueira não tem cura única, mas o tratamento adequado pode trazer grandes avanços. Quanto mais cedo o acompanhamento é iniciado, melhores são os resultados. A Fonoaudiologia é a principal área indicada, com abordagens específicas para cada fase e perfil do paciente.

De acordo com Carolina Pamponet, o trabalho do fonoaudiólogo precisa ser personalizado: “O tratamento envolve técnicas de respiração, ritmo e coordenação da fala, além de exercícios que ajudam o paciente a ganhar segurança ao se comunicar. O foco não é apenas melhorar a fluência, mas também fortalecer a autoestima e reduzir a tensão associada à fala.” Em crianças, o acompanhamento ajuda a prevenir o agravamento do quadro. Já em adultos, o objetivo é controlar as disfluências e oferecer estratégias para que a fala se torne mais natural e funcional em diferentes contextos.

Preconceito e conscientização

Mais do que um desafio da fala, a gagueira ainda enfrenta barreiras sociais. Muitas pessoas que convivem com o distúrbio sofrem com piadas, interrupções e constrangimentos, o que pode levar ao isolamento e a evitar situações em que seja preciso se comunicar.

A diretora da Fonoclin, em Feira de Santana (BA), e integrante do Núcleo de Atendimento em Distúrbios da Voz e Comunicação Humana da Otorrino Center, em Salvador, ressalta que o primeiro passo é o acolhimento. “Quem gagueja não precisa de pressa ou correção, mas de escuta e respeito. A sociedade precisa entender que gagueira não é falta de inteligência, nem preguiça para falar; é uma condição que merece cuidado e empatia”, reafirma Pamponet.

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