Galeão que ligou América a Ásia por dois séculos é considerado revolucionário
União teria influenciado não somente o México, mas o restante da América Latina
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Em setembro deste ano, é celebrado 500º aniversário do retorno à Espanha do restante da frota de Fernão de Magalhães (1480-1521). A frota saiu em 1519 em busca de uma passagem pelo continente americano até a Ásia.
As informações são da BBC. No livro La plata y el Pacífico: China, Hispanoamérica y el nacimiento de la globalización, 1565-1815 ("A prata e o Pacífico: China, América Espanhola e o nascimento da globalização, 1565-1815"), os historiadores Juan José Morales e Peter Gordon contam sobre a viagem de regresso e o funcionamento da união dos dois continentes.
No livro, México é descrito como a "primeira cidade global". Isso porque, o português, que chefiava uma frota da marinha espanhola, visava chegar nas Ilhas das Especiarias — ou Ilhas Molucas, na Indonésia — com as quais Cristóvão Colombo (1451-1506) havia sonhado décadas atrás. Mas acabou realizando a primeira circunavegação do mundo.
Segundo os autores, a rota que ligava a América Latina à Ásia foi considerada revolucionaria para o mundo. Já que a expedição ao redor do mundo custou caro, teoricamente, apenas 18 dos 250 tripulantes iniciais sobreviveram e só 1 dos 5 navios originais retornou ao porto inicial.
Na tentativa de encontrar uma rota mais curta para a Ásia sem dar a volta ao mundo, o México foi considerado a variável chave da equação.
À BBC News Mundo, Morales, um dos autores da obra, conta sobre a rota que durou mais de dois séculos entre Acapulco e Manila.
Descoberta por Andrés de Urdaneta (1508-1568), um explorador espanhol, a rota transportava um navio por ano de Acapulco a Manila, que pode levar cerca de 45 dias, e um navio por ano de Manila a Acapulco, que pode levar até seis meses.
Segundo o autor, ainda assim, a história não é tão conhecida fora dos círculos acadêmicos, mas o inglês Adam Smith, na obra "A Riqueza das Nações", escreveu que "a prata do novo continente parece ser uma das principais mercadorias que permite o comércio entre os dois extremos do antigo (Ásia e Europa) e faz muito para que essas regiões distantes do mundo querem estar conectadas umas às outras", o que, de acordo com Morales, explica bem o acontecimento.