Vídeo: Governador justifica ausência de indígenas em reunião sobre conflitos agrários na BA: “evitar acirramento"
Segundo Jerônimo, uma reunião com povos indígenas e integrantes do MST será realizada ainda nesta semana

Foto: Farol da Bahia
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), explicou a ausência de povos indígenas na primeira reunião do grupo criado pelo governo para tratar conflitos agrários no extremo sul do estado, realizada no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador, na segunda-feira (24).
Em entrevista coletiva, na manhã desta terça-feira (25), Jerônimo disse que o encontro precisava ser realizado com cuidado para evitar “acirramento” entre as partes.
“Fizemos reunião com os proprietários, o agro e não podíamos naquele momento colocar junto os indígenas ou Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra com o agro para não criar um ambiente de acirramento (...) Não teve negação de ninguém, pelo contrário. Só não quisemos juntar as partes, não dava para fazer daquela forma. Não existe de forma nenhuma exclusão”, declarou.
A justificativa já havia sido dada pelo governo, que afirmou que houve o convite, mas os próprios indígenas teriam solicitado uma reunião separada. O governador garantiu que o dialogo será feito ainda esta semana. “Nós fizemos o convite para que essa semana o movimento indígena e sem terra pudesse também ser recebido aqui para a gente tratar. É isso que está posto”.
A reunião do grupo aconteceu na Secretaria de Relações Institucionais (Serin) com organização da Secretaria de Relações Institucionais (Serin) e da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Estiveram presentes representantes rurais da região, sindicalistas, representantes da SSP-BA, Polícia Civil (PC), Polícia Militar (PM), Ordem dos Advogados da Bahia (OAB), Associação das Mulheres do Agro no Extremo Sul (AMA), da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), além dos deputados estaduais Robinho (União) e Leandro de Jesus (PL).
Entenda tensão no extremo sul da Bahia
No dia 15 de março, um grupo de indígenas da etnia Pataxó ocupou o Parque Nacional do Descobrimento, em Prado, para cobrar a homologação da Terra Indígena Comexatibá, alvo de disputa judicial há anos.
A polícia aponta que grupos de "supostos indígenas" usam o "pretexto de retomada de territórios ancestrais" para agir com violência e grave ameaça contra trabalhadores e proprietários rurais; saquear produções agrícolas, mobiliários e veículos; e restringir a liberdade das vítimas por períodos juridicamente relevantes.
Os indígenas, por outro lado, afirmam que a violência não parte do grupo. Em nota enviada, eles afirmaram que a ocupação também é feita para garantir a segurança dos povos.
"Estamos perdendo vidas indígenas e nós, jovens que somos alvos da perseguição e violência do latifúndio, estamos dando um grito de socorro na luta pela vida, nossas vidas importam", diz o comunicado.
Em meio a isso, secretários de Estado visitaram a região e, na última quinta-feira (20), 11 pessoas foram presas durante a "Operação Pacificar”. No total, foram cumpridos 19 mandados de prisão e de busca e apreensão em imóveis rurais.
Jerônimo reforçou a importância do trabalho das forças na região e disse que as investigações trabalham para descobrir quem está por trás dos ataques detalhados pela polícia.
“De imediato a gente fortaleceu, reforçou e começamos a dialogar para ver se encontrávamos um ambiente de negociação. A inteligência está trabalhando para ver se realmente não é o uso e pessoas indígenas não adequada (...) tínhamos um movimento muito próximo na chapada, mas conseguimos abortar com diálogo, negociando (...) eu espero que nessa semana a gente possa novamente dar continuidade as investigações”, concluiu.
Veja declaração: