Governo russo bloqueia adoção de texto sobre desarmamento nuclear da ONU

O governo da Rússia impediu, na sexta-feira (27), a adoção de uma declaração conjunta sobre um tratado de desarmamento nuclear após uma conferência de quatro semanas. Durante o período, Moscou criticou aspectos “políticos” do texto.

O Tratado de Não Proliferação Nuclear (NPT, na sigla em inglês), que 191 signatários revisam a cada ano, tem como foco principal evitar a proliferação de armas atômicas, promover o desarmamento completo e estimular a cooperação no uso pacífico deste tipo de energia.

Representantes dos países se reuniram desde 1 de agosto na sede de ONU em Nova York para um mês de negociações, incluindo a sessão final, que foi adiada por várias horas na sexta-feira.

O argentino Gustavo Zlauvinen, presidente da conferência, disse que “não estava em condições de alcançar um acordo” depois que a Rússia discordou do texto. Igor Vishnevetsky, representante russo, afirmou que o projeto o projeto de texto final, de mais de 30 páginas, não tinha “equilíbrio”.

“Nossa delegação tem uma objeção chave sobre alguns parágrafos que são de natureza descaradamente política”, pontuou, antes de destacar que a Rússia não era o único país com problemas a respeito do texto.

a Rússia criticou em particular os parágrafos sobre a central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, ocupada pelo exército russo, segundo informações de fontes próximas às negociações.

O último projeto de texto expressava “grave preocupação” com as atividades militares ao redor das centrais ucranianas, incluindo Zaporizhzhia, assim como com a perda de controle da Ucrânia sobre estes locais e o impacto negativo para a segurança.

Durante a conferência, signatários debateram outros temas importantes, como o programa nuclear do Irã e os testes nucleares da Coreia do Norte. Na conferência de revisão anterior, em 2015, as partes também não alcançaram um acordo sobre temas importantes.