Greve nas universidades: Sâmia Bomfim espera proposta melhor do governo Lula aos servidores
Deputada participou de audiência na Câmara para discutir negociações entre governo e servidores da educação
Foto: Reprodução/Farol da Bahia
BRASÍLIA -- A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) espera que o governo faça uma proposta melhor de reajuste salarial para os servidores da educação na reunião com representantes da categoria na próxima reunião, marcada para a próxima terça-feira (27).
A parlamentar participou, nesta quinta-feira (23), de uma audiência pública na Comissão de Educação da Câmara para discutir as negociações entre governo e servidores - que estão em estado de greve em diversas universidades e institutos federais ao redor do país.
“A nossa expectativa é que na próxima reunião, que deve ser na próxima semana, se traga uma proposta melhor. Tanto no que diz respeito ao reajuste, porque é uma proposta de reajuste até o final desse governo Lula, ou seja, também é uma garantia de que não haverá novas greves ao longo desses quatro anos. Por isso, que é uma negociação que precisa estar tão bem feita e tão bem encaixada”, afirmou.
Em entrevista ao Farol da Bahia, Sâmia explicou que a audiência foi proposta após o governo federal informar, na última terça-feira (21), às entidades que representam a categoria que encerraria as negociações. Segundo a parlamentar, a posição do governo não condiz com o estágio da greve.
“Isso foi repudiado por todas as entidades e assembleias que discutiram esse tema nas bases, porque a greve está num momento de muita força. Nenhuma unidade abandonou ela, tem novas unidades entrando e, portanto, uma condição como essa de se encerrar a negociação, ela não é pertinente com o estágio da luta,” disse.
A última proposta apresentada pelo Ministério da Gestão e da Inovação foi de um reajuste em duas parcelas, janeiro de 2025 e maio de 2026, que variam de 13,3% a 31,2% até 2026. No entanto, o fato de nenhuma parte deste reajuste ser paga em 2024, desagradou os professores.
Sâmia explicou que a cobrança dos servidores por um reajuste ainda em 2024, foi um dos temas debatidos na audiência. Segundo ela, o aumento poderia ser oriundo de recursos do DPVAT, que ainda não teve um direcionamento formalizado.
“Para que não se saia no 0% agora, no ano de 2024, ainda tem um espaço aberto daqueles 15 bilhões que foram aprovados no DPVAT, pelo menos não tem formalizado, tem discussões sobre o que fazer desse recurso, mas formalização não tem e os trabalhadores pedem que tenham o seu quinhão nessa parcela”, disse a deputada.
Ainda de acordo com a parlamentar, outros pontos debatidos na sessão foram a necessidade de uma proposta maior que 5% para o ano de 2026, e a reestruturação da carreira dos servidores.
“Para o ano de 2026, que a proposta foi de 5% a última apresentada, e ainda mais considerando que vai ser um ano eleitoral, enfim, é necessário que tenha um fortalecimento da educação, que lembrando, foi o setor ponta de lança no enfrentamento, a gestão Bolsonaro, no próprio apoio ao governo Lula, e que exige a sua valorização,” explicou.
“Por último, o tema da reestruturação da carreira, que é uma pauta de décadas e que tinha um compromisso do governo Lula nas eleições de garantir essa reestruturação, e por enquanto a proposta ainda foi muito rebaixada também [...] Nosso papel aqui é fazer essa mediação, auxiliar nessa pressão e tentar, enfim, chegar num fim no processo da greve que seja bom para as reivindicações das categorias que estão em greve,” acrescentou.
A servidora técnico administrativo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e coordenadora de políticas antiracistas e sociais do Assufba, Eliete Gonçalves, também participou da audiência pública. Entrevista pelo Farol da Bahia, Eliete demonstrou frustração com o estágio que as negociações se encontram.
“A pauta neste momento aqui no congresso está ruim, muito ruim. Na última audiência, a gente foi com muita esperança. Nós, da Bahia, trouxemos 50 pessoas na caravana que veio com a ‘sacola’ cheia de esperança e que nós íamos sair daqui já festejando a vitória. E foi totalmente contrário,” declarou.
“Principalmente na classe dos hospitais universitários, que o nosso hospital está lá sucateado, sem poder atender todo mundo, com matérias quebradas [...] é horrível a falta de estrutura. Para trabalhar, colegas dividem a sala de informática num cubículo para toda a universidade”, acrescentou.