Editorial

Gritos do 7 de Setembro

Confira o nosso editorial desta terça-feira (7)

Por Da Redação
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Gritos do 7 de Setembro

Foto: Reprodução

Distante de um 7 de Setembro tensionado e polarizado de 2021, o 199º aniversário da Independência do Brasil, o famoso quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, a mais emblemática ilustração daquele momento, apontava uma narrativa – e tempos – pacíficos do processo de independência, numa estética romântica, apesar de ter diversos elementos um tanto quanto equivocados e imagéticos daquele 1822.

No entanto, a pintura, que deveria estar exposta no Museu do Ipiranga, em São Paulo, fechado desde 2013, exclui processos emancipatórios da então metrópole Portugal que não tiveram um cenário pitoresco e, principalmente, agentes tão pacíficos. 

É o passado e fantasmas de um quadro símbolo de um processo histórico que recai sobre os dias de hoje de uma forma inimaginável, num Brasil dividido, num 7 de Setembro em que celebrações se transformaram em manifestações – sujeitas a todo tipo de consequência que Pedro Américo jamais vislumbraria 133 anos após sua produção (o quadro foi realizado em 1888, ou seja, 66 anos após o acontecido).

A comparação evidencia que algo deu errado entre os gritos, do da Independência, proclamado por D. Pedro I, e o dos manifestantes que já tomaram Brasília e tomam demais capitais nacionais para expressarem apoio ao governo Bolsonaro ou contra a atual administração do Executivo federal.

Os sugeridos ruídos aparecem ao longo de quase dois séculos, não há dúvidas, e vale uma reflexão sobre a história do país, retomar até mesmo ao período colonial, e compreender quão perigoso e mesquinho é o imediatismo que pauta os atos desde 7 de Setembro.

Poderiam todos, juntos mesmo, protestar por avanços e desenlaces ao país. Talvez fosse isso que Pedro Américo vislumbrou ali no seu quadro quando colocou um homem comum assistindo tudo até então sem entender muito, mas que entenderia a partir de um Brasil independente e rumo ao progresso.

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