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Haddad afirma que Selic está 'excessivamente restritiva', após Lula liberar que auxiliares critiquem Galípolo

Segundo ele, o BC ouve muitas pessoas para tomar suas decisões, como o mercado financeiro, o setor produtivo e o próprio governo

Por FolhaPress
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Haddad afirma que Selic está 'excessivamente restritiva', após Lula liberar que auxiliares critiquem Galípolo

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (7) que a taxa de juros Selic está "excessivamente restritiva", mantida a 15%. Afirmação foi feita durante entrevista no programa Bom Dia, Ministro, no Canal Gov.

Segundo ele, o BC ouve muitas pessoas para tomar suas decisões, como o mercado financeiro, o setor produtivo e o próprio governo. Para Haddad, é dever do Ministério da Fazenda levar informações da economia ao Banco Central.

Como mostrou o Painel, da Folha de S.Paulo, frustrado com as taxas de juros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva liberou auxiliares diretos a aumentarem o tom das críticas à manutenção da Selic em 15% pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. O próprio Lula não pretende fazer ataques direto, mas Haddad está entre os colaboradores autorizados a adotar esse discurso.

"É absolutamente normal numa democracia que a autoridade econômica manifeste sua opinião. Eu tenho dito que, na minha opinião, a taxa de juros está excessivamente restritiva. Isso é um desrespeito ao Banco Central? Não, o BC tem o trabalho dele, eu tenho respeito institucional independentemente de quem seja o presidente", afirmou.

Ele lembra que o atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, já foi seu secretário-executivo. "Eu o encaminhei para ser diretor do Banco Central, foi indicação minha, e também teve meu aval para que ele fosse presidente do BC."

O político vai tentar nesta semana marcar uma conversa com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. O político cumprirá sua agenda de encontros de outono no país norte-americano neste mês de outubro, o que incluirá a reunião do G20, do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional).

"Pode ser que nós encontremos espaço para uma nova conversa com Scott Bessent. Devo fazer até o final da semana um movimento para saber da disponibilidade, do interesse", comentou.

Haddad diz que, primeiro, precisa ver se Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA escalado pelo presidente Donald Trump para continuar negociações com autoridades brasileiras, vai querer conversar sobre o assunto primeiro com Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil.

Nesta segunda (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Trump conversaram por telefone sobre questões comerciais. O presidente do Brasil pediu a retirada do tarifaço no primeiro contato desde a conversa de menos de um minuto entre os dois na Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).

O ministro da Fazenda disse que a expectativa dos dois presidentes é "virar essa página equivocada", de estranhamento entre os países por questões ideológicas. "Dois Estados como o Brasil e os Estados Unidos têm que manter uma relação. São dois países com uma longa tradição de cooperação", afirmou.

Segundo ele, as altas tarifas contra o Brasil foram uma questão política, e não econômica. Haddad ainda contou que, durante o telefonema, Lula disse a Trump que "um país soberano tem o direito de proteger sua economia, de querer adotar uma política A, B ou C, e não vou ser eu a julgar a política do outro país", caso elas sigam as regras internacionais.

Os principais argumentos brasileiros para retirar o tarifaço, segundo Haddad, envolvem dizer que os americanos estão sofrendo mais com as tarifas, considerando que o café ficou mais caro e que alguns setores da indústria estão com prejuízos.

O ministro também disse que o Brasil é um dos únicos países do G20, junto com a Austrália e a Inglaterra, com os quais os Estados Unidos têm superávit. Além disso, segundo ele, a América do Sul tem uma relação deficitária com o país norte-americano, e a região representa grandes oportunidades de investimento, por exemplo, com terras raras, minerais críticos e energia limpa.

Haddad ainda disse que o governo brasileiro não irá alterar a estratégia de negociação com o país norte-americano. "Nossa estratégia está dando certo. Acreditamos que a diplomacia brasileira, uma das melhores do mundo, vai dar conta disso", afirmou.

Apesar disso, afirma que foi importante a diversificação de exportações brasileiras nesse período, para que o país não ficasse dependente dos EUA e nem fosse prejudicado por isso. "Quanto mais parceiros comerciais, melhor", disse, citando a Indonésia e a União Europeia.

Haddad não acredita que o tarifaço traga um impacto macroeconômico importante, mas sim no micro, ou seja, com algumas empresas sofrendo. "Por isso criamos o Plano Brasil Soberano", comentou.

Sobre o Imposto de Renda, o ministro voltou a afirmar que espera que o Senado aprove a proposta, que passou pelo Congresso na semana passada, ainda em outubro. "Essa ideia foi muito inovadora. Foi quase um ano de trabalho interno", afirmou.

Questionado sobre a MP (Medida Provisória) 1303, que aumenta impostos, Haddad abriu espaço para a negociação durante a votação. Ela estava prevista para caducar nesta quarta-feira (8), mas Haddad acredita que isso não vai acontecer.

Já sobre a COP 30, que acontece em novembro em Belém (PA), o ministro disse que a principal entrega que o Brasil pretende no evento é o TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre).

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