Homicídios de mulheres, negros, indígenas e população LGBTQIA+ aumentou entre 2020 e 2021, diz Atlas da Violência
Especialistas atrelam aumento à onda de conservadorismo no Brasil
Foto: Agência Brasil
Os dados do Atlas da Violência 2023, apresentados na terça-feira (5), apontaram para um aumento do número de homicídios contra minorias sociais entre 2020 e 2021, em especial contra mulheres, negros, indígenas e população LGBTQIA+. O levantamento tem como base fontes do Ministério da Saúde referentes ao ano de 2021.
Por outro lado, houve uma redução de 4,8% na taxa geral de assassinatos. Essa desigualdade nos dados é atribuída a discursos extremistas contra esses grupos, especialmente no governo Bolsonaro, entre 2019 e 2022 – e a pandemia da Covid.
O estudo apontou que a violência letal contra indígenas aumentou de 18,3 homicídios por 100 mil indígenas em 2019 para 18,8 em 2020, e 19,2 em 2021. As taxas de homicídios de indígenas por estado nos anos analisados mostram que Rio Grande do Norte (238,8 mortes por 100 mil indígenas em 2020 e 101,5 em 2021) e Roraima (57,9 em 2020 e 60,3 em 2021) lideram as mortes.
O levantamento mostra que a violência contra a mulher subiu 0,3% entre 2020 e 2021. Uma das causas para esse aumento é a redução significativa do orçamento público federal para políticas de enfrentamento contra as mulheres e o crescimento do conservadorismo. Desde 2020, tem se mantido a tendência de ligeiro aumento neste ano, a taxa foi de 3,6 por 100 mil mulheres, passando para 3,56 em 2021, segundo o documento.
O Atlas também aponta que os negros são a maioria das vítimas de mortes violentas no Brasil. Foram 36.922 homicídios em 2021. A população negra respondeu por 77,1% dos mortos, com uma taxa de 31 homicídios para cada 100 mil habitantes. No âmbito nacional, o risco relativo de uma pessoa negra ser vítima letal aumentou entre 2019 e 2021, passando de 2,6 para 2,9.