IBGE: Após duas quedas seguidas, vendas do comércio crescem 0,60% em fevereiro
O crescimento das vendas em fevereiro está diretamente relacionado com o retorno das atividades escolares
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Dados divulgados nesta terça-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que as vendas do comércio varejista cresceram 0,60% em fevereiro, na comparação com janeiro, impulsionadas por produtos relacionados à volta às aulas.
Na comparação com fevereiro do ano passado, porém, houve queda de 3,8%, com o setor passando a enfrentar agora o agravamento da pandemia de Covid-19 e restrições mais rigorosas no funcionamento do comércio.
O resultado veio dentro do esperado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,6% na comparação mensal e de recuo de 3,9% sobre um ano antes.
Efeito volta às aulas
Segundo o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, o crescimento das vendas em fevereiro está diretamente relacionado com o retorno das atividades escolares.
"Janeiro é um mês de contas extraordinárias, como IPTU e IPVA, então é comum um consumo menor no comércio. Já em fevereiro, temos a volta do orçamento mensal das famílias a uma maior normalidade e o retorno dos alunos às escolas, aquecendo as compras de material escolar. Assim, mesmo com o cancelamento do carnaval, que impacta, por exemplo, em menores vendas de bebidas alcoólicas nos supermercados, tivemos uma variação positiva esse mês”, afirmou o pesquisador.
As vendas do segmento de livros, jornais, revistas e papelaria (15,4%) foi a que registrou o maior crescimento frente a janeiro. Santos ponderou, no entanto, que essa atividade teve queda de 41% na comparação com fevereiro do ano passado. “Já faz algum tempo que esse setor tem tido queda, à medida que o mundo se digitaliza e o papel vai sendo cada vez mais substituído pelos meios digitais", enfatizou.
O pesquisador disse ainda, que a queda expressiva na venda de livros, revistas e papelaria pode estar relacionada, também, com o fato de muitas escolas não terem retomado as aulas presenciais.
"E, no geral, a pandemia já vem provocando a necessidade de mudança do material didático para melhor adaptação ao ensino remoto, reduzindo, portanto, a necessidade de livros físicos e outros artigos de papelaria”, enfatizou Santos.
Queda de 2,1% no acumulado no ano
No acumulado dos dois primeiros meses de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado, o varejo brasileiro ainda tem queda de 2,1% – maior recuo para o período desde 2017, quando ficou em -2,4%.
Já no acumulado nos últimos 12 meses, o avanço é de 0,4%, mostrando redução do ritmo pelo quarto mês seguido. O resultado do varejo em 12 meses até fevereiro também é o mais baixo desde 2017 (-5,4%).
"O varejo se encontra agora no mesmo patamar de setembro de 2020 e 0,4% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020)", destacou o IBGE.
4 das 8 atividades tiveram taxas positiva
O avanço de 0,6% no volume de vendas na passagem de janeiro para fevereiro teve taxas positivas em quatro das oito atividades pesquisadas, com destaque para "Livros, jornais, revistas e papelaria" (15,4%), "Móveis e eletrodomésticos" (9,3%) e "Tecidos, vestuário e calçados" (7,8%).
Cristiano Santos destacou que a alta nas vendas de móveis e eletrodomésticos ocorreu após 5 meses seguidos de queda.
"No início da pandemia, houve uma antecipação de consumo desses produtos. As pessoas ficando em casa, houve uma substituição desses itens. Há quedas a partir de setembro e agora, então, tem um reposicionamento", explicou.
Veja o desempenho de cada um dos segmentos em fevereiro:
Combustíveis e lubrificantes: -0,4%
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0,8%
Tecidos, vestuário e calçados: 7,8%
Móveis e eletrodomésticos: 9,3%
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: -0,2%
Livros, jornais, revistas e papelaria: 15,4%
Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -0,4%
Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -0,5%
Veículos, motos, partes e peças: 8,8% (varejo ampliado)
Material de construção: 2% (varejo ampliado)
Na outra ponta, houve queda em fevereiro nos segmentos de "Outros artigos de uso pessoal e doméstico" (-0,5%), "Combustíveis e lubrificantes" (-0,4%), "Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação" (-0,4%) e "Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos" (-0,2%).
Já as vendas de supermercados, que possui o maior peso no índice, registraram avanço de 0,8% contra janeiro e queda de 4,6% contra na comparação anual, houve queda de 4,6%.
Na análise por regiões, 19 das 27 unidades da federação tiveram taxas positivas em fevereiro frente a janeiro, com destaque para Amazonas (14,2%), Rondônia (11,5%) e Piauí (8,3%). Já as maiores quedas ocorreram no Acre (-12,9%), Tocantins (-4,4%) e Distrito Federal (-2,1%).