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Impulsionada por IA, Microsoft supera Apple e se torna empresa mais valiosa do mundo

A desenvolvedora do Windows teve seus papéis valorizados em 57% ao longo de 2023

Por FolhaPress
Ás

Impulsionada por IA, Microsoft supera Apple e se torna empresa mais valiosa do mundo

Foto: Reprodução/Pixabay

A Microsoft ultrapassou a Apple e se tornou nesta quinta-feira (11) a empresa mais valiosa do mundo, com um valor de mercado estimado em US$ 2,888 trilhões (R$ 14 trilhões), logo à frente da fabricante de iPhone (US$ 2,887 tri), cujas ações caíam quase 1% no início do dia.

A desenvolvedora do Windows teve seus papéis valorizados em 57% ao longo de 2023, após consolidar uma parceria com a criadora do ChatGPT, OpenAI.

Desde então, a empresa passou a integrar soluções de inteligência artificial geradora de textos, imagens e códigos de programação aos seus programas. Ainda ganhou espaço com a plataforma Azure no mercado de serviços na nuvem, em que há concorrência pesada da Amazon e do Google.

A demissão repentina do chefe-executivo da OpenAI, Sam Altman, no fim de novembro, também reforçou o peso da influência da Microsoft sobre a empresa mais bem posicionada no momento no mercado de IA. O CEO da desenvolvedora do Windows, Satya Nadella, quase contratou Altman, na ocasião, e mostrou o quanto pesava sua influência sobre a criadora do ChatGPT.

Fora breves períodos de exceção, a fabricante do iPhone é a companhia listada na bolsa mais bem avaliada desde 2011, quando ultrapassou a petroleira americana Exxon Mobil. A Apple, contudo, viu seus papéis se valorizarem 48% em 2023, menos do que os conc ano marcado pelo otimismo dos investidores com tecnologia, em vista das novas soluções de inteligência artificial.

Ao longo desta quinta, as duas empresas já se revezaram no topo da lista de empresas mais valiosas seguidas vezes.

A empresa fundada por Steve Jobs começou a apresentar seus primeiros planos para inteligência artificial apenas na segunda metade de 2023, com quase um ano de atraso em relação ao lançamento do ChatGPT.

Além disso, os últimos balanços da empresa mostram queda na venda de iPhones, sobretudo na China, principal mercado da empresa em volume. A demanda mais fraca diz respeito sobretudo aos aparelhos iPhone 15 e iPhone 15 Pro, que trazem menos avanços técnicos em relação a geração anterior de smartphones.

A principal aposta da Apple para 2023 foi o anúncio headset de realidade aumentada Vision Pro. O aparelho chega ao mercado em 2 de fevereiro a US$ 3.500 (R$ 17,1 mil), preço que deve inibir as vendas.

Nesse contexto, o banco Barclays rebaixou as ações da Apple para a categoria "subponderada" e reduziu o valor-alvo da ação estimado para daqui a 12 meses em US$ 1 (R$ 4,89). A Apple tem mais de 15 bilhões de ações em circulação.

Ainda em novembro, o brasileiro Itaú BBA foi a primeira grande instituição financeira a revisar para baixo as projeções de valor para as ações da Apple. O banco de investimento citou a desaceleração no ritmo de crescimento da empresa, preocupações com o mercado chinês e a possibilidade da empresa perder um contrato de preferência que mantém com o Google por US$ 18 bilhões (R$ 88 bilhões) em função de um processo antitruste contra o buscador.

"Estamos céticos com a possibilidade da empresa continuar com altas nas receitas, com os recentes lançamentos de produtos sempre na mesma faixa de preço", diz o relatório do Itaú BBA.
A Apple também está mais exposta ao conflito geopolítico entre Estados Unidos e China. Sofre tanto com limitações do governo chinês à compra de iPhones, quanto com barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos à China, que complexificam a cadeia produtiva de dispositivos eletrônicos, de acordo com Thomas Monteiro, analista-chefe da Investing.com.

Outros mercados consumidores robustos —como Índia, México e certas partes da África— passam por um crescimento rápido e prometem vendas sustentadas a longo prazo. "Esta mudança representa um desafio para a Apple, pois favorece empresas que buscam crescimento com produtos mais acessíveis e maior integração de IA", diz Monteiro.

Na contramão, os investidores de Wall Street estão mais otimistas em relação à Microsoft. A empresa não tem recomendação de "venda" e quase 90% das corretoras que cobrem a empresa recomendam a compra das ações.

A Microsoft tem uma fonte estável de lucro com o licenciamento de software, que envolve serviços de pagamento recorrente a clientes fidelizados, avalia o fundador da firma baseada em Wall Street, Corano Investimentos, Bruno Corano.

Esse modelo de negócios também deu à desenvolvedora do Windows uma posição favorável na hora de cobrar pelos produtos com IA, uma vez que pode incluir esses avanços em produtos já estabelecidos.

Em seu prognóstico para a empresa fundada por Bill Gates, o Itaú BBA diz que a Microsoft já deu sinais que consegue capitalizar as soluções de inteligência artificial, quando mostrou que uma parte substancial do crescimento na procura por seu serviço de nuvem advinha do interesse em IA.

Ambas as empresas, porém, estão muito alavancadas, com as ações negociadas a altos preços, em relação aos lucros esperados. Papéis da Apple são negociados a um múltiplo futuro de 28 vezes, bem acima da média dos 19 nos últimos 10 anos, de acordo com dados da financeira LSEG. A Microsoft exibe múltiplo de cerca de 31 vezes, acima da média de 24 nos últimos 10 anos.

Embora a Apple também invista nas próprias soluções de IA e tenha mais dinheiro em caixa do que qualquer empresa no mundo no momento, Corano diz que é difícil correr atrás do concorrente que capitaneou uma inovação. Em geral, a única solução viável para isso é adquirir uma empresa que já domina a tecnologia. "For por isso que o Facebook comprou o Instagram", diz Corano.

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