Índice de desmatamento da Amazônia pode chegar a 10 mil km² em 1 ano, diz Inpe
Estima-se que a devastação aumentou cerca de 26%
Foto: Reprodução / Greenpeace
Serão divulgados nesta segunda-feira (18) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os dados do sistema Prodes - programa que calcula as taxas anuais de desmatamento na Amazônia.
Servidores do órgão afirmaram que mais de 10 mil km² de floresta foram devastados entre agosto de 2018 e julho de 2019, período em que foi realizado o levantamento - a estimativa é corroborada por um estudo internacional divulgado no fim de semana . Caso seja confirmada, este seria um aumento de 26% em relação aos doze meses anteriores.
A tendência de alta do desflorestamento era observada desde a divulgação dos dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real ( Deter ), fornecidos pelo Inpe ao Ibama. A finalidade da ferramenta é auxiliar a fiscalização, mas, como monitora todo o bioma, identifica as maiores áreas destruídas.
Historicamente, os alertas do Deter indicam um grau de destruição ou devastação significativamente menores do que os registrados pelo Prodes, que usa resolução melhor de imagens de satélite, e, portanto, identifica mais áreas destruídas. No ano passado, por exemplo, a diferença foi de 64% - entre 4,5 mil km² (Deter) e 7,5 mil km² (Prodes).
Os resultados do Prodes são usados, entre outros fatores, para guiar a cadeia produtiva do agronegócio, obter financiamentos, como o Fundo Amazônia , além de dar credibilidade ao país em negociações internacionais. A prova de fogo será a Conferência do Clima (COP25), que será realizada daqui a duas semanas em Madri.
A organização de um evento para divulgação do Prodes pegou os servidores do Inpe de surpresa. A cerimônia ocorrerá na sede do instituto, em São José dos Campos (SP). Na sexta-feira, ainda não se sabia como ocorreria a apresentação dos números pelos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovação).
Demissão
Em agosto, o presidente do Inpe, Ricardo Galvão, foi demitido ao defender as pesquisas do órgão, que apontavam um índice elevado de desmatamento na Amazônia. O trabalho havia sido contestado por Salles e pelo presidente Jair Bolsonaro. Pontes, por sua vez, repreendeu Galvão por considerá-lo desrespeitoso com Bolsonaro. Para seu lugar, nomeou o coronel da FAB Darcton Policarpo Damião, que tem evitado polêmicas relacionadas a alguns estudos conduzidos pelo Inpe.
No fim de semana, um estudo publicado no periódico internacional “Global Change Biology” alertou que o aumento das queimadas este ano foi consequência do crescimento do desmatamento na Amazônia. O estudo é assinado por cinco pesquisadores. Alguns colaboradores, no entanto, preferiram não assinar o trabalho.