Infectologista aponta cuidados e prevenção ao novo Coronavírus
Em entrevista exclusiva, Robson Reis afirma que não há motivos para pânico
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O novo Coronavírus está deixando o mundo em estado de alerta. Na China, país em que surgiu o novo vírus, o número de pessoas infectadas já excedeu a marca de 80 mil.
O Brasil tem atualmente, 433 casos suspeitos de coronavírus. O número de casos confirmados continua sendo dois, ambos em São Paulo. Todas as regiões do país têm casos suspeitos, sendo São Paulo o estado com o maior número de casos suspeitos, com 163. Até o momento, são 162 casos descartados, sendo que a maioria tinha Influenza A e Influenza B.
Na Bahia, de acordo com a Secretaria de Saúde (SESAB), de janeiro até às 10 horas desta segunda-feira (02), foram registrados 47 casos notificados com suspeita clínica de infecção pelo novo coronavírus, sendo 21 excluídos por não se enquadrarem no protocolo do Ministério da Saúde, 11 foram descartados laboratorialmente e 15 aguardam análise laboratorial.
De acordo com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, a instituição considera como mais preocupantes os surtos do novo coronavírus na Coreia do Sul, Itália, no Irã e Japão. Demais países podem conter os surtos.
Sintomas e Grupo de risco
Segundo o médico infectologista Robson Reis, ainda não existe o Covid-19 circulando internamente no Brasil. “Os dois casos confirmados foram importados da Itália. Não há motivos para pânico, é claro que precisamos estar atentos e preocupados”, disse.
Robson Reis explica que, 80% dos casos os sintomas do novo coronavírus são similares a um resfriado comum ou um quadro gripal. “Em geral, os pacientes apresentam coriza, tosse, congestão nasal, febre, dores no corpo, em poucos casos pode apresentar diarreia”.
A taxa de mortalidade do novo coronavírus é de 2 a 3%. De acordo com Reis, em 2019, a Bahia registrou 37 mortes pela Influenza. ''Para que possamos atingir o número de 37 óbitos pelo Coronavírus, que foi o número de óbitos por Influenza na Bahia em 2019, baseado na taxa de mortalidade atual, teríamos que aproximadamente 1.800 casos confirmados do Coronavírus", sinaliza.
O Covid-19 atinge mais os idosos e pessoas com doenças crônicas e pulmonares. O período de incubação do vírus dura de 1 a 14 dias, com uma média de cinco dias. Segundo Reis, há evidência de que o Coronavírus é transmitido antes mesmo do surgimento dos sintomas.
“Ainda não existe um tratamento para a doença, e tudo indica que, na melhor das hipóteses, a vacina poderá ser criada daqui há um ano”, disse o infectologista.
Segundo o Ministério da Saúde, para um caso ser considerado suspeito, é necessário:
Situação 1: Febre E pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) E histórico de viagem para área com transmissão local, de acordo com a OMS, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas; OU
Situação 2: Febre E pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) E histórico de contato próximo de caso suspeito para o coronavírus (COVID-19), nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas; OU
Situação 3: Febre OU pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) E contato próximo de caso confirmado de coronavírus (COVID-19) em laboratório, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas.
Prevenção
De acordo com Robson Reis, para prevenir o contágio é necessário:
Evitar lugares fechados, optar por ambientes ventilados e arejados;
Evitar se aproximar de pessoas doentes, manter uma distância de pelo menos 1 metro;
Higienizar as mãos com água e sabão e álcool em gel;
Evitar levar as mãos aos olhos, boca e nariz.
“Não adianta o uso indiscriminado de vitamina C ou D, além disso não existe nenhum chá imunológico. Não há indicação do uso de máscaras, só os profissionais de saúde e pessoas que estão em contato com casos suspeitos. É importante se informar e não propagar fake news”, alerta Reis.
O infectologista reforça que pessoas com o sistema imune em dia, ou seja, que tem hábitos saudáveis de vida (boa alimentação, dormir bem, praticar atividades físicas, ingestão de líquidos) dificilmente podem se contaminar.
Viagens para fora do Brasil
O médico Robson Reis afirma que neste momento é importante evitar viagens a países onde já tem circulação interna do novo Coronavírus. Como é o caso da China, Japão, as Coreias e Itália.
*Robson Reis é médico infectologista do Hospital Aliança e professor da Escola Bahiana de Medicina