Inflação para pessoas de baixa renda é a maior nos últimos 12 meses, diz IPEA
Comportamentos de classes foi determinante para resultado, dizem especialistas

Foto: Reprodução/Engeplus
A inflação dos mais pobres superou em duas vezes a dos mais ricos nos últimos 12 meses. É o que revela o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, elaborados com base nos dados sobre hábitos de consumo disponibilizados pelo Sistema Nacional de Índice de Preços ao Consumidor (SNIPC), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apenas no mês de agosto, de acordo com o indicador, a inflação para famílias de renda muito baixa (assim consideradas as que têm renda mensal menor do que R$ 1.650,50) foi de 0,38%.
No entanto, a carestia para a faixa de renda média-alta (entre R$ 8.254,83 e R$ 16.509,66) foi de apenas 0,13%, registrando queda de 0,10% para as famílias de renda alta. José Luís Oreiro, professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), explica que a diferença entre a inflação de ricos e pobres deve-se à composição de consumo de cada um desses grupos.
“A classe de menor renda tem uma proporção maior de alimentos em sua base de consumo, ou seja, gasta maior parte da renda com esses produtos, enquanto os mais ricos têm uma proporção maior de serviços.” Desse modo, a recente alta no preço dos alimentos teve maior impacto na população de baixa renda.
A responsável pelo indicador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Maria Andreia, disse que a pandemia e a quarentena, alteraram essa composição que gera prejuízo aos mais pobres.
“Se não fosse pela pandemia, a diferença seria menor. Com as pessoas passando mais tempo em casa, devido à quarentena, é necessário comprar mais para poder se alimentar. Além disso, tivemos casos de famílias fazendo estoques de comida prevendo falta de alguns produtos. Essa alta procura faz com que o preço aumente. É a lei da oferta e da demanda”, completou Maria Andreia.