Interventor federal diz que acampamento em frente ao QG do Exército foi central para atos do dia 8
Ricardo Cappelli apresentou os principais pontos do relatório sobre os atos contra os Três Poderes
Foto: Reprodução/Redes Sociais
O interventor federal Ricardo Cappelli destacou a importância do acampamento de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília para os atos que culminaram no ataque em 8 de janeiro, ao apresentar o relatório sobre os atos praticados durante a invasão aos Três Poderes.
“Todos os atos tiveram sua organização, planejamento e ponto de apoio no acampamento. Aquilo virou um centro de construção de planos contra a democracia brasileira", afirmou.
Cappelli se referiu ao local como uma “minicidade golpista e terrorista”, e destacou que um acampamento comum não teria a infraestrutura documentada no lugar, que contava com banheiros químicos, cozinha estruturada, geradores de energia, entre outros recursos.
Além disso, afirmou que houve tentativas da Polícia Militar e Civil de desmontar o acampamento, mas as operações foram canceladas por ponderações feitas pelo Exército.
Ele ainda acrescentou que havia documentos que alertavam sobre o risco de um ataque. “Houve informação sobre o que aconteceria no dia 8. Há um relatório da Secretaria de Segurança Pública do DF do dia 6 de janeiro onde está escrito textualmente que existia ameaça concreta de invasão aos prédios públicos.”
O interventor federal também apontou a demora dos policiais em acionar reforços. O grupo de manifestantes saiu do acampamento em frente ao QG do Exército por voltas das 13h, e passaram a demonstrar um comportamento mais agressivo até que a linha de contenção foi quebrada às 14h43.
De acordo com ele, o acionamento de reforços das forças de segurança na avenida das bandeiras, se deu apenas às 15h. “Quando mais tropas chegaram, os Três Poderes já estavam invadidos”, disse.
Quanto à conduta de policiais durante os atos, há seis inquéritos para apurar essa situação dentro da Polícia Militar. O interventor ainda apontou que a politização das forças de segurança fez com que as ordens dos comandantes não fossem atendidas pelos policiais sob seu comando.
“Esse conjunto de coincidências pode caracterizar algo muito pior do que ausência de comando”, disse. “Temos uma sucessão de problemas: o planejamento operacional inexistente, a postura passiva das forças armadas. São muitas coincidências juntas.”, disse.