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Investigação sobre madeira ilegal no Amazonas revela pressão e ameaça feita por deputado federal

Mensagens apreendidas mostram o deputado Átila Lins e ex-superintendente do Ibama José Leland

Por Da Redação
Ás

Investigação sobre madeira ilegal no Amazonas revela pressão e ameaça feita por deputado federal

Foto: Reprodução

Investigações da Operação Arquimedes I e II realizadas pela Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) que apuram o comércio ilegal de madeira na Amazônia apontaram a pressão de um deputado federal para reabrir serrarias fechadas e ameaças a um fiscal do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que atuou para encerrar o esquema. As informações são do O GLOBO. 

Deflagrada entre 2017 e 2019 no Amazonas, a operação permitiu que policiais e procuradores desmantelassem o esquema envolvendo empresários e agentes públicos "esquentar" madeira extraída de áreas irregulares e vendê-la no mercado como se fosse produto legal a partir de adulteração dos documentos de origem florestal (DOFs).

Entre os alvos apontados como um dos principais participantes do esquema, é o superintendente do Ibama no Amazonas, José Barroso Leland, que é suspeito de ser encarregado de proteger os empresários que vendiam a madeira clandestina. Ele ainda é denunciado por peculato, embaraço a investigação envolvendo organização criminosa, posse ilegal de arma de fogo e lavagem de dinheiro.

Ao analisarem o conteúdo do telefone de Leland, os investigadores encontraram troca de mensagens entre ele e o deputado federal Átila Lins (PP-AM), onde o parlamentar pressionava Leland para reabrir serrarias que haviam sido fechadas pro fiscais do Ibama. 

Confira a transcrição do diálogo feita pelas autoridades, mantendo eventuais erros gramaticais:

Às 8h25 do dia 20 de dezembro de 2018, Átila Lins envia um link para uma notícia publicada pela mídia local na qual ele afirma que 95% das serrarias do município de Manacapuru seriam reabertas naquele dia.

“Conforme combinamos, mandei divulgar assim”, disse Átila Lins a Leland. “Estou trabalhando para isso e dependendo da internet e de alguns análises técnico ainda não disponíveis”, respondeu Leland ao deputado, que, insatisfeito, responde: “Eles estão ansiosos que seja resolvido. Vai dar certo, pra quando chegar amanhã esteja tudo ok”, disse o parlamentar.

De noite, às 19h05, Átila Lins volta a cobrar Leland. “E aí Leland deu ora (pra) reabrir alguma coisa em Manacapuru”, indaga o deputado.

No dia seguinte, após quase 24 horas sem Leland responder, Átila Lins volta a cobrá-lo. Às 6h42, ele manda nova mensagem. “Alguma novidade Leland?”, pergunta o deputado.

Diante do silêncio de Leland, Átila volta a procurá-lo. Às 14h03, o deputado manda nova mensagem. “Leland To indo a Manacapuru. Alguma notícia?”, disse.

Meia hora depois, mais cobranças. “O que vou dizer dizer lá”, pergunta o parlamentar. No dia seguinte, às 11h59, mais uma mensagem. “O que houve Leland? Não me deu mais notícias”, afirmou o parlamentar.

Somente no dia seguinte, 24 de dezembro, é que Leland responde dando ao deputado uma espécie de “relatório” sobre suas atividades e indicando que havia se esforçado para atender a demanda do parlamentar.

“Bom dia deputado, fiquei fora de Manaus sem internet. Sexta feira fiz o desbloqueio de duas industrias. Estou trabalhando firme para concluir. No entanto, tem algumas em situação complicada. Votos de un bom natal, lhe manterei informado”, disse Leland.

Apesar das mensagens obtidas durante as operações, o deputado não foi denunciado pelo MPF. No entanto, o órgão afirmou que o fato de pessoas citadas nas investigações ainda não terem sido denunciadas não significa que o caso em relação a elas tenham sido arquivado. 

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