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IPCC: 3,3 bilhões de pessoas 'são altamente vulneráveis' ao aumento da temperatura do planeta

Edição do relatório foi publicada na segunda-feira (28) e reafirmou que os mais pobres serão os maiores afetados por uma crise climática

Por Da Redação
Ás

IPCC: 3,3 bilhões de pessoas 'são altamente vulneráveis' ao aumento da temperatura do planeta

Foto: Pixabay

O novo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) traz uma afirmação de quase 300 cientistas, reunidos pela Organização das Nações Unidas (ONU): o homem é o maior causador da crise do clima e seus impactos serão sentidos pelos mais pobres - eles já são os mais vulneráveis e continuarão sendo os mais afetados. 

O documento indica cinco pontos dos impactos da crise, principalmente em regiões mais vulneráveis, como o Brasil:

1. 'Injustiça climática: impacto do aquecimento global será desigual

O relatório mostrou que os eventos climáticos extremos estão ocorrendo cada vez mais, com uma maior frequência, e já expuseram milhões de pessoas à insegurança alimentar e hídrica. Mas apesar de ser um fenômeno mundial, os mais afetados, ou vulneráveis, são a África, América Latina, Ásia e nos pequenos países insulares e no Ártico.

"O aquecimento global não atinge de forma homogênea todo mundo. Ele tem uma alta heterogeneidade. Os fatores de risco são: pobreza, alta desigualdade social, marginalização, seja por gênero, por etnia, por cor, por status, por idade. As crianças, os jovens, as mulheres, os indígenas, populações tradicionais, populações muito pobres, são eles que são os mais vulneráveis", afirmou Patrícia Pinho, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) que participou da elaboração de um dos capítulos da edição.

2. Impacto já ocorre hoje e metade do planeta está na mira

A nova edição do relatório do IPCC ressalta que uma variação de 3,3 a 3,6 bilhões de pessoas estão em locais ou contextos vulneráveis à mudança climática.

"A mortalidade por enchentes, secas e tempestades, por exemplo, foi até 15 vezes maior em países altamente vulneráveis em comparação com países muito pouco vulneráveis na última década. Sendo que mais da metade da população mundial vive hoje em contexto de alta vulnerabilidade e esses foram os países que contribuíram menos para a crise climática", argumentou Stela Herschmann, especialista em políticas climáticas do OC.

Fatores como gênero, etnicidade e renda são responsáveis pelo aumento da vulnerabilidade em algumas localidades. "Este relatório é uma luz vermelha piscando, um grande alarme para onde estamos hoje. Pela primeira vez, o IPCC fala explicitamente da preocupação com os impactos humanitários das mudanças climáticas que já ocorrem hoje", declarou Maarten van Aalst, diretor do Centro Climático da Cruz Vermelha Internacional e coordenador do relatório.

3. Américas Central e do Sul estão 'altamente expostas', incluindo o Brasil

O documento do IPCC indica que as Américas Central e do Sul estão "altamente expostas, vulneráveis ​​e fortemente impactadas pelas mudanças climáticas. E há uma série de problemas listados pelo documento, responsáveis por amplificar o problema: desigualdade; pobreza; crescimento e alta densidade populacional; mudanças no uso da terra, particularmente o desmatamento com a consequente perda de biodiversidade; degradação do solo e alta dependência das economias locais dos recursos naturais para a produção de commodities. 

"As mudanças climáticas afetam a epidemiologia das doenças infecciosas sensíveis ao clima na região [Américas Central e Sul]. Por exemplo, os efeitos do aumento das temperaturas irão trazer alta adequação das doenças transmitidas por vetores, incluindo as endêmicas e emergentes doenças arbovirais, como dengue, chikungunya e zika", indica o documento.

Um ponto de destaque em relação ao Brasil se refere aos fluxos migratórios relacionados à questões climáticas. Locais como os Andes, o Nordeste brasileiro e os países do Norte da América Central estão entre as regiões "mais sensíveis a problemas climáticos com migrações e deslocamentos, fenômeno que tem aumentado desde o AR5" (5º Relatório de Avaliação (AR5), lançado em 2014).

"Quando você pega como base o Brasil, vemos que dentro do próprio país existem desigualdades absurdas. Não só com relação aos extremos Norte e Sul, mas também com relação à vulnerabilidade da população e à capacidade de adaptação. Um evento de seca extrema no estado de São Paulo tem um efeito, mas se você vê um evento de seca extrema na Amazônia, você tem outro efeito", argumenta Patrícia Pinho, pesquisadora do IPAM, que participou da elaboração de um capítulos do relatório do IPCC. 

4. Relatório evita atribuir 'culpa' e não cita os países 'menos vulneráveis'

O termo "injustiça climática" foi retirado do relatório, devido à resistência de alguns países em assumir a culpa de serem um dos maiores responsáveis pelo aumentos dos níveis do aquecimento global. Segundo análise do Observatório do Clima, houve alterações também nas menções "países mais vulneráveis" e "países menos vulneráveis" para "regiões"

5. Em pequena escala, humanidade já enfrenta a crise com medidas positivas de adaptação

Ao abordar as adaptações referentes às mudanças climáticas, o relatório do IPCC diz que a humanidade está progredindo, mas que, mesmo assim, ainda há dois problemas: "primeiro, as medidas vêm sendo adotadas em escala muito pequena, sem o financiamento necessário, 'incrementais e reativas'. Há um hiato entre as medidas de adaptação adotadas e as que precisam ser colocadas, que precisa ser fechado nesta década", aponta o Observatório do Clima. 

Além disso, o Observatório do Clima salienta que muitas "medidas de adaptação podem piorar a situação". O IPCC usa o termo "maladaptação" e dá um exemplo disso: a construção de hidrelétricas em regiões que podem ser afetadas pela seca. Apesar de resolver uma parte do problema, a população acaba afetada e se torna ainda mais exposta.

"É essencial também que nas cidades e nos ecossistemas sejam criadas infraestruturas capazes de reduzir riscos e impactos climáticos, levando em consideração o conhecimento das populações locais. O caminho a ser percorrido passa, portanto, pela necessidade de maior financiamento das soluções de mitigação e adaptação, a fim de promover desenvolvimento econômico, particularmente das comunidades mais vulneráveis", defendeu a World Resources Institute (WRI), instituto ligado a proteção do meio ambiente.

Relatório IPCC

Está é a segunda edição relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)., que tem o crivo de especialistas reunidos pela ONU. 

Em agosto de 2021, a primeira parte do relatório foi divulgada e abarcou a ciência por trás das mudanças do clima e apontou que parte das ações diretas do homem em relação ao planeta têm consequências irreversíveis. 

Já esta segunda edição do relatório do IPCC é voltada para os impactos da crise do clima, os possíveis caminhos de adaptação e as vulnerabilidades globais.

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