Jornalistas gregos são contra lei que pune "fake news"
Limite do que é fake ou não deixa dúvidas
Foto: Pixabay
Os jornalistas na Grécia agora podem sofrer sanções da lei caso sejam considerados culpados de divulgar fake news. "Informações falsas que suscitam preocupação ou medo público, ou minam a sua confiança na economia nacional, na capacidade de defesa do país ou na saúde pública" podem ser punidos com multas e até mesmo penas de prisão por, pelo menos, seis meses, segundo informações do projeto.
A medida vale também para o editor ou o proprietário do veículo da mídia. Eles também podem sofrer penas prisionais e penalidades financeiras.
Esta alteração faz parte de uma proposta de reforma do código civil, apresentada pelo Ministério da Justiça grego. Ela deverá ser votada nos próximos dias no Parlamento.
O texto, porém, levanta preocupações e indignações dos sindicatos dos jornalistas gregos e europeus. O Sindicato dos Editores Gregos (Esiea) diz que "a alteração não contém uma definição clara de informação falsa. A forma como o termo é definido é ambígua e pode levar a sanções abusivas contra jornalistas", afirma. Os sindicatos pedem que o governo retire essa proposta do código civil.
O Media Freedom Rapid Responde (MFRR), mecanismo europeu responsável por monitorar as violações da liberdade de imprensa na Europa, alerta que "as sanções previstas no projeto de lei minariam a liberdade de imprensa e teriam um efeito prejudicial em um momento em que o jornalismo independente já está sob pressão na Grécia", fala a entidade.
O chefe do Escritório de Repórteres Sem Fronteiras da UE-Balcãs (RSF), Pavol Szalai, explica que "jornalistas gregos são frequentemente ameaçados com processos abusivos e penas de prisão por difamação criminal". Ele ainda completa dizendo que "esta alteração [no código civil] apenas aumentaria o risco de jornalistas serem processados e presos", argumenta Szalai.