Juiz revoga prisão de hackers que invadiram celular de autoridades
Walter Delgatti Neto e Thiago Eliezer estavam em prisão preventiva desde 2019

Foto: Agência O Globo
O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, mandou nesta terça-feira (29), soltar os hackers Walter Delgatti Neto e Thiago Eliezer, acusados de invadir o aplicativo Telegram no celular de diversas autoridades, entre elas o ex-ministro Sergio Moro e procuradores da Lava-Jato. Ambos estavam em prisão preventiva desde o ano passado e, na decisão, o magistrado viu “excesso de prazo” nas detenções.
O magistrado atendeu a um pedido da Defensoria Pública da União, que defende ambos os réus. O órgão conseguiu anular audiências em que os dois seriam ouvidos por não ter conseguido acesso à delação premiada de um dos denunciados pela invasão. Com as audiências sem prazo para acontecer o juiz deu mais prazo para que a Defensoria Pública da União (DPU) analise os documentos que não teve acesso e autorizou que os réus fiquem em liberdade.
Anteriormente, a DPU havia protocolado um pedido junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) apontando que não teve acesso a todos os documentos necessários para a defesa, como os acordos de delação premiada firmados por investigados do caso, e pediu a anulação de audiências já realizadas.
A DPU defende outro alvo do caso, Danilo Marques, acusado de auxiliar Delgatti nos crimes investigados.Mas devido as anulações, o juiz concedeu a soltura de Delgatti Neto e Eliezer por entender que estavam presos de forma preventiva há muito tempo. Delgatti foi preso em julho do ano passado, e Eliezer, em setembro. "Entendo que manter a prisão preventiva de Thiago Eliezer Martins Santos e de Walter Delgatti Neto durante toda a instrução criminal acrretará inevitável excesso de prazo", escreveu Ricardo Leite. "Diante de tal situação, não há outra alternativa a não ser revogar a custódia preventiva de Thiago Eliezer Martins Santos e de Walter Delgatti Neto e fixar as medidas cautelares diversas da prisão para manter a vinculação dos réus ao processo e inibir a reiteração delitiva, resguardando assim a ordem pública", disse o juiz na decisão.
O magistrado determinou ainda que eles usem tornozeleira eletrônica e fiquem proibidos de manter contato com os demais investigados do caso. Também ficam proibidos de "acessar endereços eletrônicos pela internet".