Justiça do RJ torna Oruam réu por tentativa de homicídio contra policiais

Artista está preso preventivamente desde o dia 22, após ele e amigos impedirem o cumprimento de um mandado contra um menor procurado por tráfico e roubo

Por Da Redação
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Justiça do RJ torna Oruam réu por tentativa de homicídio contra policiais

Foto: Reprodução/Redes Sociais

O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, mais conhecido como Oruam, e um amigo dele, Willyam Matheus Vianna Rodrigues Vieira, se tornaram réus por tentativa de homicídio qualificada contra policiais civis.

A denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) foi aceita pela juíza Tula Correa de Mello, da 3ª Vara Criminal, que expediu um novo mandado de prisão. 

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Oruam está preso preventivamente desde o dia 22, após ele e amigos impedirem o cumprimento de um mandado de busca e apreensão contra um menor procurado por tráfico e roubo. Segundo a polícia, o adolescente é ligado à facção criminosa Comando Vermelho (CV), atua como segurança pessoal do traficante Doca, apontado como chefe do tráfico no Complexo da Penha, e é considerado um dos maiores ladrões de veículos do estado.

A denúncia afirma que após o adolescente ser apreendido, Oruam e Willyam passaram a lançar pedras contra os policiais de uma altura de 4,5 metros, da varanda da casa de Oruam. Um dos agentes foi atingido nas costas e outro precisou se abrigar atrás da viatura. 

Um vídeo mostra Oruam esmurrando um carro de polícia, antes de os agentes deixarem o local, mas a polícia não tem imagens que provem o envolvimento dos denunciados no lançamento de pedras contra eles. O MPRJ sustenta que os réus agiram com dolo eventual, assumindo o risco de matar os agentes, e destaca que as pedras lançadas pesavam até 4,85 kg.

A assessoria de imprensa de Oruam afirmou que "em momento de extremo desespero e legítima defesa jogou pedras nos mais de 20 carros descaracterizados que estavam em sua porta APÓS ser ameaçado de morte com armas de fogo, socos, chutes, empurrões, ter sua casa revirada e ser altamente agredido quando não oferecia nenhum tipo de resistência, sem qualquer justificativa legal".

A defesa também ressaltou que ele se entregou às autoridades, e que a ação policial contra Oruam tem sido marcada por violações de direitos:

"Desde o início, a ação policial tem sido marcada por violação dos procedimentos estabelecidos por lei, como a ausência de mandado judicial válido, uso de veículos descaracterizados e operações realizadas fora do horário permitido, fatores que configuram, em tese, abuso de autoridade (artigos 22 e seguintes da Lei nº 13.869/2019). Tal comportamento constitui uma afronta ao Estado Democrático de Direito, criando uma narrativa distorcida e ilegal, com o objetivo de criminalizar um artista que, na verdade, é um legítimo cidadão."

Oruam relatou o caso em tempo real nas redes sociais. O rapper acusou os polícias de perseguição. ““Eu quero ver vocês me pegarem aqui dentro do Complexo. Não vai me pegar! Vai tomar no c*. Eu sou filho do Marcinho, seus filhos da p*t*”.

Antes de se entregar, o artista postou um vídeo anunciando a decisão. "Eu errei. Desculpa aí todo mundo, vou provar para vocês que não sou bandido. Vou dar a volta por cima e depois vou vencer através da minha música", falou.

No pedido de prisão, a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) afirma que a residência de Oruam se tornou um "ponto de encontro e abrigo para criminosos e foragidos da Justiça". Em fevereiro, agentes encontraram o traficante Yuri Pereira Gonçalves abrigado na residência do rapper. À época, Oruam foi preso e liberado horas depois.

Oruam responde ainda por outros sete crimes: tráfico de drogas, associação ao tráfico, resistência qualificada, desacato, dano qualificado, ameaça, lesão corporal. Ele está preso no Complexo de Bangu em uma cela individual, separado dos outros detentos.

Quem é Oruam

Oruam ganhou notoriedade em 2022 com o lançamento da música “Invejoso”, ingressando na gravadora Mainstreet, de Orochi. Desde então, acumula hits e subiu aos palcos de grandes festivais, como Rock in Rio e Lollapalooza, em 2024.

O rapper é filho de Marcinho VP, apontado como um dos chefes históricos do Comando Vermelho, preso desde 1996. Em 2023, subiu ao palco do Lollapalooza usando uma camiseta com os dizeres “Liberdade para Marcinho VP”. Ele também é afilhado de Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.

A fama do rapper motivou a vereadora paulistana Amanda Vettorazzo (União Brasil e MBL) a protocolar um projeto de lei para proibir a contratação de artistas que façam apologia ao crime organizado e ao uso de drogas. Em resposta, o artista lançou a faixa “Lei Anti O.R.U.A.M”.

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