Justiça volta a decretar prisão de dono de ferro-velho suspeito de mandar matar funcionários em Salvador
Com a determinação, Marcelo Batista da Silva volta a ser foragido; jovens seguem desaparecidos

Foto: Reprodução
A Justiça baiana decretou novamente a prisão do empresário Marcelo Batista da Silva, apontado como suspeito de mandar matar Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusalém Silva Muniz, funcionários do ferro-velho que ele administrava no bairro de Pirajá, em Salvador.
Com a determinação, Marcelo Batista volta a ser considerado foragido. A prisão foi decretada no dia 1° de abril, mas divulgada nesta terça-feira (8). Paulo Daniel e Matusalém Silva sumiram no dia 4 de novembro de 2024 e, segundo laudos da Polícia Civil, foram mortos dentro do ferro-velho. Os corpos ainda não foram encontrados.
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Em novembro de 2024, a prisão preventiva de Marcelo foi determinada pela primeira vez. No entanto, ele não foi encontrado pela polícia. Quatro meses depois, em março, a Justiça concedeu a liberdade provisória.
A suspeita do envolvimento do empresário nas mortes de Paulo Daniel e Matusalém Silva foi denunciada pelas famílias dos jovens, que relataram que Marcelo havia os acusado de furto. Os jovens foram vistos pela última vez quando saíram para trabalhar no ferro-velho.
O carro de Marcelo foi periciado após ser encontrado em uma loja especializada em veículos de luxo, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). O veículo foi deixado no local por outro homem, que solicitou a troca dos bancos alegando ter adquirido o bem com alguns pontos de sujeira. Segundo a Polícia Civil, vestígios de sangue de Paulo Daniel foram encontrados no carro, além de impressões digitais no encosto de um dos bancos.
O nome do empresário aparece em investigações sobre outros crimes. Segundo a polícia, ele é investigado por duplo homicídio, tentativa de homicídio, apontado com envolvimento com milícia e facção criminosa e responde por violência doméstica contra a ex-mulher.
Marcelo responde ainda a nove processos na Justiça do Trabalho, que estão em tramitação. Outros 60 foram arquivados. As acusações abordam descumprimento de pagamento de salário, horas extras, assédio sexual e tortura.
Outros suspeitos
Além de Marcelo, outros dois envolvidos no caso também foram presos em dezembro. Não há detalhes sobre o envolvimento dos homens no crime. O caso está em segredo de Justiça.
No mês de janeiro, o soldado da Polícia Militar (PM) Josué Xavier, suspeito de envolvimento nas mortes dos jovens, foi solto após o fim do prazo da prisão temporária.
O PM, lotado na 19ª Companhia Independente (CIPM) no bairro de Paripe, voltou a fazer parte do quadro da corporação, mas vai atuar no setor administrativo até o fim das investigações.
O gerente do ferro-velho, Wellington Barbosa, conhecido como "Cabecinha", cumpre prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica, porque foi diagnosticado com hanseníase, doença que pode atingir a pele e nervos, causando incapacidades físicas.