Líder do governo pediu dinheiro a empresário em troca de ajuda no Inmetro, aponta PF
Senador licenciado nega qualquer irregularidade

Foto: Agência Senado
O senador licenciado Eduardo Gomes (PL-TO), líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional, fez pedidos de depósitos bancários a um empresário em troca de ajudar a adiar uma portaria do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Os pedidos do parlamentar, divulgados pelo jornal O Globo nesta quinta-feira (28), estão em mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF).
Os diálogos de Gomes foram encontrados pela PF no celular de um amigo do parlamentar, o empresário Jorge Rodrigues Alves, que foi alvo da Operação Lavanderia e atua nos setores de construção civil e iluminação. No entanto, o líder do governo nega irregularidades e afirma que as mensagens se tratam de um pedido de empréstimo.
Após analisar as mensagens, que continham comprovantes de depósitos a pessoas indicadas pelo senador, os investigadores encaminharam um relatório sigiloso à 4ª Vara Federal do Tocantins no último dia 11 de julho, solicitando o envio do caso para o Supremo Tribunal Federal (STF). “Há, por fim, diversas conversas entre Jorge e o senador Eduardo Gomes, indicando que Jorge aparentemente paga contas para o senador e lhe envia dinheiro, assim como lhe pede favores e intercessão em assuntos de suas empresas”, diz trecho do documento.
De acordo com o relatório, os depósitos ocorrem desde 2016 em contas ligadas ao senador e somam cerca de 760 mil reais. Em uma delas, o parlamentar questiona ao empresário se ele “acha que consegue 20?” ao indicar os dados bancários do seu assessor João Bosco Pinto da Silva. Alves então responde com um ‘Opa! Certeza!’. De acordo com o jornal O Globo, o assessor alega não se lembrar do episódio específico, mas disse ser possível, já que empresta a conta constantemente para o senador.
Ao jornal, Gomes admitiu ser amigo do empresário ‘há 25 anos’, mas negou ter praticado crimes ou irregularidades. Em nota, o parlamentar afirmou: “Jamais houve qualquer pagamento ou repasse ao senador Eduardo Gomes nos casos questionados. As mensagens trocadas são autoexplicativas: tratam-se de pedidos de empréstimos a um amigo, mas que não se efetivaram”.