Luiz Carlos Ramiro Junior toma posse como presidente da Biblioteca Nacional
Cientista político citou Millôr Fernandes e Olavo de Carvalho em discurso de posse
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Durante cerimônia no auditório da Biblioteca Nacional, nesta quarta-feira (4), o novo presidente da casa, Luiz Carlos Ramiro Junior, tomou passo do cargo 20 dias após a nomeação. O cientista político substitui o professor Rafael Nogueira, atual secretário Nacional de Economia Criativa e Diversidade Cultural.
No discurso de posse, Luiz Carlos agradeceu o presidente Jair Bolsonaro (PL) e citou nomes como o jornalista Millôr Fernandes e o professor Olavo de Carvalho.
Sobre a nomeação pelo chefe do Executivo, ele afirmou ser algo "mais profundo do que uma vitória eleitoral, trata-se de uma quebra sem igual na História brasileira”. O novo presidente também cita uma crise cultural vivida pela geração nascida entre os anos 1980 e 1990.
Segundo o chefe da BN, a instituição pode ampliar o espaço a autores de corrente ideológica similar aos mencionados no discurso.
"A Biblioteca Nacional pode colaborar para essa diversidade, que por vezes não encontramos nas universidades e outros espaços de produção de conhecimento. Citei o Gustavo Corção, que tem seus manuscritos guardados aqui, e por muito tempo foi uma figura quase proscrita, que nunca era mencionada", disse. "Queremos fazer esta expansão de pensamento de forma cuidadosa. Por exemplo, em relação ao nosso programa de tradução, a autora mais traduzida foi Clarice Lispector. Não há dúvida do quanto ela é importantíssima, porém a gente precisa olhar para outros autores também.", completou.
Na nova gestão, Luiz Carlos cita planejar celebrações do Bicentenário da Independência e o lançamento do Prêmio Monteiro Lobato, para a literatura infantojuvenil, assim como de Camões, dividido entre os governos de Brasil e Portugal. Além disto, ele cita que o "cancelamento" das obras de Lobato, revistas após apontamento de questões que seriam racistas, como no tratamento de personagens como Tia Nastácia.
"O prêmio foi aprovado em lei (pelo Senado, em 2021), e Monteiro Lobato tem parte de seu acervo na Biblioteca Nacional. Não podemos lidar com isso dentro dessa toada do cancelamento. Claro que todo debate é livre, mas nosso papel é honrar o prêmio e o nome do autor na literatura brasileira", concluiu.