Lula condena comportamento de Israel e diz que Netanyahu pratica um "genocídio" no Oriente Médio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou repúdio nesta quarta-feira (25) ao comportamento de Israel. Lula disse que o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, está praticando um "genocídio" no Oriente Médio. Netanyahu também não estaria atendendo às negociações de paz promovidas pela comunidade internacional. 

Declaração foi feita após a conclusão dos compromissos do presidente nos Estados Unidos, durante coletiva de imprensa em Nova York. Lula foi questionado sobre o conflito do Líbano entre israelenses e o grupo extremista Hezbollah. O presidente defendeu que os países apoiadores do discurso de Netanyahu precisam "fazer um esforço maior" para que o "genocídio" pare. Também mencionou mortes na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

"Nós estamos em uma situação, de um lado cuidando do planeta, para ver se a gente tem melhora a qualidade de vida [...]. E, do outro lado, o ser humano se matando. Não tem nenhuma explicação. Portanto, eu condeno de forma veemente esse comportamento do governo de Israel, que eu tenho certeza de que a maioria do povo de Israel não concorda com esse genocídio. Eu tenho certeza", afirmou. 

Israel realizou um ataque aéreo no Líbano contra o Hezbollah na última segunda-feira (23). Aproximadamente 500 pessoas morreram e mais de 1,6 mil ficaram feridas. Segundo autoridades libanesas, esse teria sido o dia mais sangrento do Líbano desde 2006. 

"É importante lembrar que o primeiro-ministro Netanyahu foi julgado pelo Tribunal Internacional, que julgou o Vladimir Putin, e ele está condenado da mesma forma do Putin. É importante lembrar que já foram feitas várias discussões no Conselho de Segurança da ONU, várias tentativas de paz e de cessar-fogo foram aprovadas e ele não cumpre. Simplesmente não cumpre", complementou. 
 
A comunidade internacional teme uma guerra total entre o Líbano e Israel. O termo significa que há um conflito armado em que todos os recursos militares e civis são acionados para conquistar a vitória sob o adversário. Esse conflito pode afetar amplamente a sociedade civil e a economia dos países. 

Relações entre Brasil e Israel

Esse é mais um episódio da crise diplomática entre Brasil e Israel. Em fevereiro deste ano, Israel colocou Lula na lista de "persona non grata" do país. O caso ocorreu após o presidente do Brasil comparar as ações israelenses na Faixa de Gaza com o extermínio judeu na Segunda Guerra Mundial.

O recurso de "persona non grata" é um instrumento jurídico que indica que um representante oficial estrangeiro não é bem-vindo no país. O termo é amplamente utilizado nas relações internacionais e foi descrito no artigo 9 da Convenção de Viena referente às relações diplomáticas. 

Conflito Rússia X Ucrânia

Lula também se manifestou sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia no leste europeu. Ele rebateu as críticas feitas pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre a proposta brasileira de mediar um acordo de paz.  

O presidente defendeu o diálogo entre as partes envolvidas para uma saída pacífica do conflito. Lula também defendeu que a melhor solução para o povo ucraniano seria uma saída pela diplomacia, não militar.

"Eu vou dizer mais, ele [Zelensky], se fosse esperto, diria que a solução é diplomática, não militar. Isso depende da capacidade de sentar e conversar, ou vir o contrário e tentar chegar a um acordo para que o povo ucraniano tenha sossego na vida", declarou Lula.