Lula critica “chantagem tarifária” e defende cooperação entre países do Brics
Em reunião virtual, presidente afirmou que bloco é alvo de práticas comerciais ilegais e defendeu reformas em organismos internacionais

Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (8) que as nações que compõem o Brics são “vítimas” de práticas desleais no comércio internacional e de pressões tarifárias. As declarações foram feitas durante reunião virtual do bloco, que reúne Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Egito, Arábia Saudita, Etiópia, Indonésia e Irã.
“Nossos países se tornaram vítimas de práticas comerciais injustificadas e ilegais. A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas”, disse Lula, segundo transcrição divulgada pelo Palácio do Planalto.
O petista, que atualmente preside o Brics, defendeu que a integração financeira e comercial do grupo seja alternativa para reduzir os impactos do protecionismo global. “Sanções secundárias restringem nossa liberdade de fortalecer o comércio com países amigos”, afirmou.
A fala ocorre em meio a recentes sobretaxas impostas a produtos brasileiros pelos Estados Unidos e à Índia por seu comércio com a Rússia. Sem citar diretamente Washington, Lula destacou que cabe ao bloco “mostrar que a cooperação supera qualquer forma de rivalidade”.
Além das questões econômicas, o presidente criticou a presença militar americana no Caribe, classificando-a como “fator de tensão incompatível com a vocação pacífica da região”, e voltou a pedir uma solução negociada para a guerra entre Rússia e Ucrânia. Sobre o conflito no Oriente Médio, condenou as ações de Israel. “É urgente colocar fim ao genocídio em curso e suspender as ações militares nos territórios palestinos”, declarou.
Lula também propôs a criação de um Conselho de Mudança do Clima da ONU e reforçou o convite para que os países do Brics participem do Fundo de Florestas Tropicais, que será lançado na COP 30, em novembro, em Belém (PA). O presidente ainda defendeu uma governança digital global mais democrática, afirmando que, sem isso, “seremos vulneráveis à manipulação estrangeira”.