Lula defende 'jornada diferenciada' para comerciários e declara não ser contra trabalho ao domingo
Governo tenta acordo entre empresários e trabalhadores sobre trabalho aos domingos e feriados
Foto: Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira (4), que não é contra o trabalho aos domingos e defendeu uma "jornada diferenciada" para trabalhadores do comércio. A declaração foi dada durante cerimônia que formalizou o envio ao Congresso de um projeto para regulamentar o trabalho de motoristas de aplicativos.
"Eu não sou contra ao trabalhador do comércio trabalhar no domingo, porque muita gente só pode ir fazer compra no final de semana, ou às 19h, 20h da noite. Tem gente que não pode de dia. Mas isso não significa que você tem que obrigar o cara a trabalhar todo sábado e domingo", declarou Lula.
"Assim como nos hospitais existem os plantonistas, você pode criar uma nova categoria para os comerciários. Nós temos que resolver o problema dos comerciários. Os sindicatos não são contra de trabalhar no domingo, eles querem que tenha uma jornada diferenciada para atender o que os trabalhadores precisam e o que os empresários precisam", completou o presidente.
O governo tem buscado estabelecer um acordo entre empresários e trabalhadores para definir novas regras para o trabalho aos domingos e feriados. Sem sucesso nas negociações, o Ministério do Trabalho decidiu adiar por mais 90 dias a entrada em vigor de uma portaria que restringe o trabalhos nesses dias.
De acordo com a Lei 10.101/2000, que regulamenta o comércio, o trabalho aos feriados é permitido desde que seja “autorizado em convenção coletiva de trabalho e observada a legislação municipal”.
A nova regra, restringindo o trabalho aos feriados, entraria em vigor a partir de 1° de janeiro de 2024, mas, antes disso, foi alvo de polêmica por parte de setores da economia e de parlamentares.
Logo após a edição da portaria em novembro, a Câmara dos Deputados aprovou em plenário a urgência de um projeto de lei que barrasse a medida assinada pelo Ministério do Trabalho.
A justificativa usado pelo relator do projeto, Luiz Gastão (PSD-CE), foi de que a proibição do trabalho aos feriados interferiria diretamente na manutenção de empregos e na arrecadação de impostos, essenciais para o financiamento de políticas públicas.
No dia seguinte à reação, em 22 de novembro, Marinho se reuniu com representantes dos setores trabalhistas e optou por reformular a portaria e publicar um novo texto até março de 2024. Durante essa reunião também ficou acordado que o ministério iria criar uma mesa tripartite para discutir o assunto.