Maduro diz que regime já prendeu 1.200 pessoas e vai prender outros mil
Os protestos deixaram pelo menos 11 civis mortos, além de um militar
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, disse, nesta quinta-feira (1º), que 1.200 pessoas já foram presas nos protestos que eclodiram no país após sua contestada reeleição e que o regime está preparando prisões de segurança máxima para receber os manifestantes.
"São 1.200 capturados, e vamos prender mais mil" diz o líder no vídeo de um ato que foi publicado em suas redes sociais. "Vou colocar todos em Tocorón", continuou, em referência a uma penitenciária de segurança máxima, diante dos aplausos de apoiadores.
Em outro evento, transmitido também nesta quinta pelo canal estatal VTV, o ditador afirmou que está preparando duas prisões de segurança máxima para os capturados.
"Todos os manifestantes vão para Tocorón e Tocuyito", afirmou. Essas dois presídios estiveram sob controle de grupos criminosos por anos, até serem ocupadas pelas forças de segurança em 2023 Tocorón, por exemplo, era centro operacional da Tren de Aragua, uma das gangues mais violentas do país.
Maduro afirmou ainda que os manifestantes "foram treinados nos Estados Unidos, no Texas, na Colômbia, no Peru e no Chile". O ditador, que está sob forte pressão internacional, costuma afirmar que seus críticos representam interesses estrangeiros.
"Eles se filmavam [durante os protestos], porque é um golpe cibernético. É o primeiro golpe cibernético da história da humanidade", continuou.
Seguindo o padrão que adotou nos últimos anos, Maduro se referiu aos manifestantes como terroristas e delinquentes. Ele afirmou ainda que os que saíram às ruas são membros de "quadrilhas de nova geração", comparando-os às gangues no Haiti e às pandillas centro-americanas.
"Querem transformar a Venezuela em um novo Haiti", afirmou o mandatário. "Tem muito caminho a percorrer, então que façam estradas", acrescentou, em alusão à "reeducação" que será implementada nestes presídios.
Os protestos deixaram pelo menos 11 civis mortos, além de um militar. Liderados por María Corina Machado e seu candidato, Edmundo González Urrutia, os opositores denunciam uma "escalada cruel e repressiva do regime".
Em meio às manifestações, estátuas de Hugo Chávez, antecessor de Maduro morto em 2013, foram derrubadas, assim como alguns dos enormes painéis com o rosto do ditador que cobrem as avenidas de todo o país.