Mãe de jovem que estudava medicina no Paraguai e desapareceu, se muda para procurar o filho: 'não encontrar pistas me desespera'
Antônio Augusto desapareceu no dia 4 de outubro de 2022; mãe desconfia que ele tenha sido vítima de algum crime
Foto: Reprodução/Isabel Streski/G1
O jovem Antônio Augusto Streski Manjinski, de 25 anos, estudante de medicina no Paraguai, desapareceu no dia 4 de outubro de 2022, na cidade de Mariano Roque Alonso, região metropolitana de Assunção. Sem respostas da polícia sobre o paradeiro do jovem, a mãe decidiu fazer a própria investigação e mudou para o país vizinho, onde mora até hoje.
Isabel Streski diz que o desaparecimento do filho mudou completamente a vida dela. Além de se dedicar a encontrar o próprio filho, ela usa a experiência que vem adquirindo nas buscas para ajudar pessoas que passam por situações semelhantes.
O jovem é natural de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná. De acordo com a família, ele morava no país vizinho desde 2016 e cursava medicina na Universidad María Auxiliadora (Umax). No dia 9 de outubro, o Ministério Público do Paraguai publicou uma ordem de busca e localização do jovem. A família informou que ele saiu de casa sem dinheiro, documentos pessoais e sem o celular.
À época, o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty informou que tem conhecimento do caso e está em contato com as autoridades locais a fim de acompanhar a apuração das circunstâncias do desaparecimento e auxiliar nas buscas. Por meio do Consulado-Geral do Brasil em Assunção, o órgão também informou que mantém contato e presta assistência aos familiares.
Isabel acredita que o filho foi vítima de um crime, mas as investigações, tanto dela, quanto da polícia, nunca chegaram a nenhum suspeito ou indício concreto do que pode ter acontecido com o jovem.
"São algumas hipóteses que eu levanto, que não podemos mais tocar no assunto sem ter provas. [...] Mas eu não vou desistir, vou encontrar meu filho da forma que for. Ele foi esperado, ele foi sonhado, ele foi desejado. [...] Então eu não vou abandoná-lo; seja da forma que for, eu vou encontrá-lo", afirma Isabel ao g1.
Isabel também oficializou ao Itamaraty um pedido de envolvimento da Polícia Federal (PF) e da Polícia Civil do Paraná, por meio do Grupo Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial), que é especializado em situações em que há uma figura de refém, como sequestro, roubo, cárcere privado e violação de domicílio, por exemplo.
Ao g1, a Polícia Civil disse que só pode se envolver nas investigações se a PF ou o Itamaraty pedirem apoio, e ainda destacou que não foi notificada sobre o caso. O Itamaraty, em nota, "acompanha o caso e presta assistência consular aos familiares do desaparecido".
Investigação Paralela de Isabel Streski
Isabel contou que o filho falava com ela todos os dias. Ela contou que o filho escrevia em um diário e entrou em contato com todas as pessoas que eram citadas nele para tentar refazer os últimos passos do filho. Além disso, fez campanhas nas redes sociais e nas imprensas paraguaia e brasileira para tentar conseguir ajuda.
A mãe da vítima relatou que faz tratamento psicológico tanto para amenizar a dor do desaparecimento do primogênito, quanto para tentar reduzir o impacto do trauma na criação do caçula que, atualmente, tem 13 anos.
Ajudar famílias que passam por situações semelhantes também tem ajudado a consolar Isabel. Ela criou uma associação para famílias de desaparecidos e disse que já auxiliou a encontrar 83 pessoas, enquanto continua buscando pelo filho.
"Isso é o que mais me desconsola, porque eu consigo encontrar tanta gente, e peguei uma experiência tão grande [...] E não encontrar uma pista que seja em relação ao Antonio Augusto, isso me desespera", afirma a mulher.