Mães reclamam da mudança da cesta básica distribuída pela prefeitura: "Não dura uma semana"

A Prefeitura de Salvador fez uma mudança considerada radical no que diz respeito às cestas básicas distribuídas para os alunos da rede pública de ensino. Se antes os alunos das escolas municipais recebiam uma cesta básica com 23 itens, o auxílio foi reduzido drasticamente para um “kit alimentação” contendo apenas oito itens. Segundo a Secretaria de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), 1,9 milhões de pessoas cadastradas no CadÚnico vivem com entre R$ 89 e R$ 150 por mês e 40% da população vive em insegurança alimentar, de leve a grave. 

O conceito de insegurança alimentar é empregado quando não há acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem que isso necessariamente comprometa o acesso a outras necessidades essenciais. Os dados, no entanto, são de antes da pandemia da Covid-19, o que se nota (veja quadro abaixo com os itens das cestas antes e depois) que, mesmo com a pandemia sob controle, não pode ser melhorado diante da redução dos alimentos oferecidos a esta população carente.

Nalva da Silva de 35 anos, mãe de 4 filhos sendo dois deles alunos de escola pública, se diz indignada com a redução e a justificativa apresentada pela escola de que as aulas estão sendo feitas em dias alternados possibilitando que as alunos se alimentem na escola: “Veja só o caso da minha família. Dois dos meus filhos não recebem a ajuda. Os dois que recebem comem 15 dias em casa e 15 dias na escola. Com o que eles mandam hoje, “que” diminuíram muito a quantidade dos alimentos da cesta, não dá para alimentar nem por uma semana quanto mais, por um mês! As crianças recebem uma cesta por mês e com essa miséria que ficou, os meninos passam vontade nos dias que não tem aula porque eu sou desempregada e nem sempre tenho um bico para completar. Sem contar que nunca teve “mistura”, só essa soja que as crianças não gostam e que é ruim demais. Queria saber se o prefeito dá soja para os filhos dele todo dia”, finalizou a mãe.

Procurada pelo Farol da Bahia, a Prefeitura de Salvador informou que "com a retomada das aulas presenciais em Salvador, os alunos passaram a frequentar a escola em dias alternados, tendo acesso, nesses dias, à alimentação escolar. Com isso, os kits de alimentos foram ajustados para garantir a merenda dos alunos nos demais dias letivos em que esses estão fazendo as atividades de ensino remoto em casa". A prefeitura não explicou se fez um levantamento para garantir que a quantidade de alimentos oferecidos no novo “kit alimentação” seria suficiente para manter uma criança carente alimentada por 15 dias.

Veja a diferença entre a cesta e o kit alimentação:
Cesta – 23 itens
1 garrafa de óleo
2 pacotes de biscoito
2 dois pacotes de macarrão
2 sacos de leite em pó
2 pacotes de soja
2 pacotes de café
2 pacotes de cuscuz
1 pacote de sal
2 pacotes de açúcar
2 pacotes de arroz
3 pacotes de feijão
2 pacotes de farinha

kit alimentação - oito itens:
1 pacote de arroz 
1 pacote de feijão
1 pacote de biscoito 
1 proteína de soja
1 pacote de cuscuz
1 pacote de açúcar 
1 pacote de macarrão
200 gramas de leite em pó.