Mais 1.600 indígenas foram resgatados de trabalhos análogos à escravidão no Brasil em 18 anos
Desde o início da pandemia, foram 115 trabalhadores
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Um levantamento da Mongabay apontou que Cerca de 1.640 indígenas foram resgatados de trabalhos análogos à escravidão no Brasil desde 2004. Uma média de 90 resgates anualmente em 18 anos.
Os dados da pesquisa são baseados nos registros da Divisão de Fiscalização para a Erradicação do Trabalho Escravo em conjunto com as informações de auditores fiscais do Trabalho.
Segundo Datrae, órgão subordinado ao Ministério da Economia, desde o início da pandemia, são 115 trabalhadores indígenas resgatados. De 2010 a maio deste ano, 94,8% dos resgatados atuavam no setor agropecuário.
Neste ano, esse número cai para 77%. Os outros 18% eram trabalhadores voltantes (ajudantes gerais na agricultura, como cerqueiro, capinador, etc) e 5% eram profissionais do sexo.
A pesquisa mostra que o estado com mais casos contabilizados é o Mato Grosso do Sul. Segundo a antropóloga Lúcia Helena Rangel, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o processo histórico de expropriação dos territórios indígenas para dar lugar ao agronegócio é o principal deles.
Um relatório do Instituto Socioambiental (ISA) de delimitação e identificação dos Guarani-Kaiowá aponta o território tradicional dessa etnia estendia-se por uma área de 40 mil km2. Atualmente, suas terras não passam de 22 pequenas aldeias situadas em uma faixa de terra de cerca de 150 quilômetros ao longo da fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai.