Mais de 25 pontos de genoma ligados a um risco de TDAH são identificados em estudo
O número representa o dobro do já visto em outras pesquisas

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Uma pesquisa transnacional, com colaboração de pesquisadores dos Departamentos de Genética e de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), identificou 27 pontos no genoma humano com variantes genéticas que aumentam o risco de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). O número encontrado representa o dobro do já visto em estudos anteriores. O artigo foi publicado na Nature Genetics.
"Esses achados só foram possíveis graças ao Consórcio de Genômica Psiquiátrica, que reúne pesquisadores do mundo todo e que conta com uma grande amostra de dados. Isso acaba permitindo encontrar um número maior de achados estatisticamente significativos", explica o professor titular do Departamento de Genética da UFRGS, Claiton Dotto Bau.
Seis milhões de variantes genéticas foram analisadas em mais de 38 mil pessoas com transtornos e outras 186 mil sem a condição. E foi a partir disso que os genes envolvidos no TDAH têm um nível particularmente alto de expressão em uma ampla gama de regiões cerebrais.
O estudo também constatou que uma maior carga de variantes de risco de TDAH no genoma de um indivíduo está relacionada a um menor sucesso educacional, assim como diminuição da memória de curto prazo e outras características.
Outro apontamento da pesquisa é que o TDAH tem uma base genética comum com outros transtornos mentais e que por isso muitas vezes os sintomas se sobrepõem. De acordo com o artigo, de 12% a 16% das pessoas com TDAH também são diagnosticadas com transtorno do espectro autista e aproximadamente 40% com depressão.
Segundo o professor de psiquiatria na UFRGS, Eugenio Grevet, os achados da pesquisa ainda não podem ser desdobrados para a prática clínica, mas abrem caminhos para se compreender a biologia cerebral e a genética complexa do transtorno.
"Este tipo de estudo dá forma à medicina de precisão e, no futuro, poderemos confirmar ou predizer a probabilidade de alguém vir a ter TDAH e outros diagnósticos psiquiátricos por meio de exames genéticos", disse Grevet, que é um dos autores do artigo.