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Mais de 80% das espécies de árvores exclusivas da Mata Atlântica estão ameaçadas

Desmatamento é o principal fator do alto número de espécies em risco, afirma o pesquisador Hans ter Steege, coautor do trabalho

Por Da Redação
Ás

Mais de 80% das espécies de árvores exclusivas da Mata Atlântica estão ameaçadas

Foto: Polícia Militar Ambiental/Divulgação

Um estudo publicado na revista Science, na última quinta-feira (11/1), aponta que 82% das mais de 2 mil espécies de árvores exclusivas da Mata Atlântica sofrem algum grau de ameaça de extinção. Além disso, o trabalho também apresentou a Lista Vermelha das quase 5000 espécies de árvores encontradas no bioma. O levantamento foi liderado por pesquisadores brasileiros.

O estudo analisou 4.950 espécies arbóreas presentes na Mata Atlântica e concluiu que 65% estão ameaçadas. O balanço utilizou os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (Iucn, na sigla em inglês), maior referência global em espécies ameaçadas.

Muitas espécies emblemáticas da Mata Atlântica, como Pau-Brasil, Araucária, Palmito-juçara, Jequitibá-Rosa, Jacarandá-da-Bahia, Braúna, Cabreúva, Canela-Sassafrás, Imbuia, Angico e Peroba, foram classificadas como espécies ameaçadas de extinção.

Um total de 13 espécies que são encontradas apenas na Mata Atlântica, foram classificadas como possivelmente extintas. Por outro lado, cinco espécies que antes eram consideradas extintas na natureza foram redescobertas pelo estudo.

A Mata Atlântica abrange grande parte da costa brasileira. O bioma originalmente ocupava cerca de 1,3 milhão de km², mas, atualmente, tem menos de 30% da cobertura original.

“O número [de 82% de espécies endêmicas ameaçadas] foi um susto para nós, porque usamos uma abordagem conservadora. Levamos em conta se as espécies tinham ou não floresta disponível, independentemente de ser ou não uma floresta saudável, por exemplo. Mas nem todas as espécies conseguem se manter em fragmentos degradados”, explica Renato Lima, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), em Piracicaba, e coordenador do estudo, à Agência Fapesp.

Outro destaque da pesquisa é de que 7% das espécies da Mata Atlântica tiveram declínio populacional abaixo de 30% nas últimas três gerações, o que coloca essas árvores como vulneráveis à extinção.

O pau-brasil, uma das principais espécies da flora brasileira, está listado como “criticamente em perigo”, dada a redução estimada de 84% das populações selvagens.

“Quando preenchemos menos critérios da Iucn nas avaliações, o que geralmente tem sido feito até então, temos seis vezes menos espécies ameaçadas. O uso de critérios que incorporam os impactos do desmatamento aumenta drasticamente o nosso entendimento sobre o grau de ameaça das espécies da Mata Atlântica, que é bem maior do que pensávamos anteriormente”, destaca Lima.
 

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