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Mais de meio milhão de alunos no Brasil não teve aula à distância em 2020

Alunos apresentam dificuldade para recuperar a aprendizagem, aponta levantamento

Por Da Redação
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Mais de meio milhão de alunos no Brasil não teve aula à distância em 2020

Foto: Getty Images

Um levantamento aponta que, no ano passado, o Brasil teve mais de meio milhão de crianças sem nenhum tipo de ensino durante o fechamento das escolas. Esses alunos estão espalhados por 2.666 escolas em torno de 450 municípios do país. Em 34 deles, mais de 90% dos colégios não ofereceram aulas a distância durante a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Isso significa que praticamente cidades inteiras ficaram sem o ano letivo. A informação é do jornal O Globo. 

O caso mais dramático foi o de Breves, município da Ilha do Marajó, no Pará. A cidade tem 261 escolas públicas e 96% delas (251, todas municipais) não tiveram nenhum tipo de ensino a distância no período. Foram mais de 33 mil estudantes sem estudar ao longo do primeiro ano da pandemia.

Para a diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ), Cláudia Costin, é de se comemorar que muitos alunos brasileiros conseguiram algum tipo de ensino remoto durante a pandemia. Ela afirma, entretanto, que as cidades que pararam a educação em 2020 terão mais dificuldade para recuperarem a aprendizagem.

No Brasil, o ensino remoto foi ruim em 2020, avalia a pesquisa. Apresentou melhora neste ano, mas, de acordo com o  estudo “Covid-19: Políticas Públicas e as Respostas da Sociedade”, da Rede de Pesquisa Solidária, ainda não é bom. Em geral, as crianças brasileiras aprenderam com uma combinação de ensino pelo WhatsApp e material impresso. Os mais privilegiados acessaram as aulas ao vivo pela internet e plataformas educacionais virtuais.

Os mais prejudicados são os que não tiveram aula de forma alguma. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelas estatísticas do Ministério da Educação, essas escolas estão concentradas nas áreas rurais, especialmente nos estados da Bahia e do Pará, com cerca de 157 mil e 97 mil alunos, respectivamente, sem aulas em 2020.

Impactos

Uma das pesquisas mais recentes, publicada pela Universidade de Oxford em maio de 2020, analisou o impacto de um terremoto no Paquistão em que uma parcela de escolas ficou fechada por três meses em 2005.

Quatro anos depois, as avaliações mostravam que as crianças de 3 a 15 anos que ficaram sem aulas naquele período estavam um ano e meio atrasadas em relação aos colegas que moravam mais longe da tragédia e seguiram estudando. “Isso, apesar do fato de que as famílias afetadas pelo terremoto receberam uma compensação financeira significativa, o que permitiu que os resultados de saúde dos adultos e a infraestrutura da comunidade se recuperassem totalmente”, diz o estudo.

Outra descoberta foi a de que crianças com mães mais instruídas não ficaram para trás, de modo que o terremoto aumentou as desigualdades nas áreas afetadas . Ainda segundo a pesquisa, a volta às aulas é um desafio ainda maior: “O fechamento de escolas foi responsável por apenas 10% da perda nas pontuações dos testes. Muito mais foi perdido depois que as crianças voltaram à escola, possivelmente devido ao atraso das crianças no currículo e à impossibilidade de acompanhar os novos conteúdos”.

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