Mais velhos puxam alta nas compras pela internet no Brasil
Em contrapartida, os usuários que têm até 24 anos somaram 7% dos consumidores online

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Os consumidores mais maduros, com 50 anos ou mais, estão liderando as compras na internet. No ano passado, essa faixa etária representou 38% do total de compradores, contra 33% do ano anterior. Em contrapartida, os usuários que têm até 24 anos somaram 7% dos consumidores online, uma queda de três pontos percentuais ante os 10% de 2023.
Os dados pertencem à 51ª edição da pesquisa Webshoppers, realizada pela consultoria NielsenIQ. O relatório também apontou mais consumidores de 35 a 49 anos comprando online, parcela que avançou de 32% para 35% no ano passado. Já entre os que têm entre 25 e 34 anos, a fatia recuou de 24% para 20%.
"O Brasil registrou um incremento de 16% no total de consumidores online ativos em 2024, para 125,6 milhões", diz Andrea Stoll, líder do Painel de Consumidores e de e-Commerce da NielseniQ no Brasil. Por "ativos", entende-se quem fez ao menos uma compra na internet em um período de 12 meses.
Hoje, metade da população faz pelo menos uma compra online ao ano, diz.
A pesquisa destaca que mais gente passou a consumir online no ano passado, incluindo o público mais velho. "Mas mesmo quem já comprava algo pela internet começou a comprar mais, em outras categorias", afirma Andrea. Os dois fatores justificam o aumento de 19% no faturamento total das compras online em 2024, que somaram R$ 351,4 bilhões.
Em faturamento, as categorias que mais cresceram no ano passado foram saúde (32,6%), perfumaria e cosméticos (28%), moda e acessórios (23,3%) e alimentos e bebidas (17.8%). Já em número de pedidos, a demanda foi puxada por saúde (35,8%), esporte e lazer (35,5%), perfumaria e cosméticos (30,9%) e alimentos e bebidas (28,1%).
As quedas mais expressivas em 2024 foram observadas nos segmentos de telefonia (-22,4%), construção e ferramentas (-17,9%) e eletrônicos (-13,8%). As mesmas categorias também recuaram em número de pedidos quedas de 24,6%, 14,2% e 9,5%, respectivamente.
A Black Friday se consolidou como a principal data do varejo online: segundo a pesquisa, houve aumento de 24,8% nas vendas em novembro do ano passado, em comparação ao mesmo período de 2023. Na data, as categorias mais compradas foram moda e acessórios, perfumaria e cosméticos, eletrodomésticos, alimentos e bebidas e casa e decoração nesta ordem.
"A compra de bens de consumo de giro rápido [FMCG na sigla em inglês], que incluem alimentos e bebidas e higiene e beleza, vêm crescendo rapidamente na internet, embora ainda representem pouco das vendas totais em faturamento, da ordem de 5%", diz Andrea. "Sinal que o consumidor vai atrás de preço e promoção na internet, busca o que for mais barato e de preferência com frete grátis."
Na busca pelo mais barato, as compras internacionais têm ficado de fora. O percentual de consumidores que fizeram compras em sites internacionais (chamados de cross-borders) caiu de 69% em 2023 para 53,2% no ano passado, de acordo com a pesquisa. Sinal de que a "taxa das blusinhas" taxação em 20% para compras internacionais de até US$ 50 adotada em agosto de 2024, já surtiu efeito.
Os sites estrangeiros mais usados por brasileiros são Shopee e Aliexpress, segundo a pesquisa.
O levantamento da NielsenIQ aponta que as empresas que vendem apenas pela internet os "pure players", como Mercado Livre e Amazon registraram um aumento nas vendas no ano passado superior ao empresas que operam no mundo físico e no virtual (os "brick & click", caso de redes como Magazine Luiza e Casas Bahia, por exemplo).
"Os pure players se destacam pela amplitude do sortimento, tempo de entrega mais rápido e atendimento pós-venda", afirma Andrea.
No ano passado, as vendas dos "pure players" cresceram 38%, fazendo com que esses marketplaces respondam por 67,4% de todo o consumo online no país. Já as vendas dos "brick & click" na internet caíram 6,2%; com isso, a fatia dessas empresas foi reduzida a 26,3%.
Outros competidores (que representam lojas online de menor porte ou de fabricantes, por exemplo) também registraram queda, da ordem de 12,1%. A fatia dessas outras empresas no ecommerce nacional foi de 6,3% em 2024.