Manifestantes voltam às ruas em Mianmar após mortes durante protestos contra golpe de estado
Militares tomaram o poder no país asiático no começo de fevereiro
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Foto: Reprodução/Jornal de Brasília
A população voltou a protestar nesta quinta-feira (4) nas ruas de Mianmar contra o golpe militar, mesmo depois do dia mais violento da repressão. Ao menos 38 manifestantes pacíficos foram mortos a tiros pelas forças de segurança na última quarta-feira (3), de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
"Foi o dia mais sangrento desde o golpe ocorrido em 1º de fevereiro. 38 pessoas mortas. Agora, mais de 50 pessoas morreram desde o início do golpe", disse a enviada especial da ONU para Mianmar, Christine Schraner Burgener. Entre as vítimas estão quatro menores de idade, segundo a ONG Save the Children.
Burgener se ofereceu para viajar a Mianmar, e o exército respondeu que ela é bem-vinda, "mas não agora". As forças de segurança têm usado munição letal em várias cidades contra as manifestações pró-democracia. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram manifestantes cobertos por sangue e com ferimentos na cabeça.
Os militares tomaram o poder em 1º de fevereiro e prenderam o estão presidente do país, Win Myint, e a presidente eleita, Aung San Suu Kyi, que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1991 e continua detida em um local secreto. Depois do golpe, Suu Kyi foi acusada pelo novo governo de "incitação aos distúrbios públicos".
Já Myint, sofreu acusações de violar a Constituição. O exército tomou o poder por rejeitar o resultado da eleição de novembro, que foram vencidas por ampla maioria pelo partido da Nobel da Paz, e declarou estado de emergência e prometeu novas eleições, ainda sem data divulgada.