Manobra parlamentar impede depoimento de Jair Renan à CPI das Pirâmides Financeiras
Filho do ex-presidente Bolsonaro escapa de interrogatório sobre a associação com empresa de criptomoedas
Foto: Reprodução/CNN
Uma reviravolta regimental protagonizada pela oposição nesta quarta-feira (30) permitiu que Jair Renan, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deixasse de depor perante a CPI das Pirâmides Financeiras. Jair Renan é sócio de uma empresa de criptomoedas que, surpreendentemente, decretou falência em menos de um mês de operação.
O pedido para convocar o chamado "filho 04" de Jair Bolsonaro ocupava a sexta posição na lista de convocações. Consequentemente, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), responsável pela solicitação, não estava presente na sala quando a sessão de hoje foi iniciada.
Nesse contexto, o deputado Cabo Gilberto (PL-PB) aproveitou a oportunidade para propor uma inversão na pauta, visando priorizar o requerimento referente ao depoimento de Jair Renan. Contando com maioria, os apoiadores de Bolsonaro aprovaram a mudança, dando início à votação que, de forma simbólica, rejeitou a convocação.
Minutos após o anúncio do resultado, Glauber Braga adentrou a sala com fones de ouvido e manifestou sua insatisfação com a manobra. Ele criticou o modo como o presidente da CPI, Aureo Ribeiro (SD-RJ), conduziu a situação, alegando que um acordo havia sido feito para impedir a convocação de Jair Renan.
Respondendo às acusações, o presidente da comissão negou qualquer conluio e afirmou que a responsabilidade de estar presente na sala cabia ao deputado que havia solicitado o depoimento. Aureo Ribeiro assegurou que ele e o relator, Ricardo Silva (PSD-SP), votaram favoravelmente à convocação.
Pedido
Glauber Braga justificou o pedido alegando que Jair Renan promoveu a captação de investidores por meio de um vídeo compartilhado nas redes sociais. A empresa beneficiada foi a Myla, que operava no setor de criptomoedas.
O vídeo gerou um investimento de R$ 266 mil nas primeiras 24 horas após a sua publicação. No entanto, a empresa faliu em menos de um mês após o lançamento. Glauber Braga acusou Jair Renan de se retirar do empreendimento sem explicar as razões do prejuízo causado aos investidores, além de não propor nenhum plano de ressarcimento.
O negócio oferecia uma criptomoeda associada a um jogo no qual heróis enfrentavam vilões liderados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).