Marco Rubio e chanceler de Lula combinam encontro em Washington durante ligação

De acordo com pessoas a par da conversa desta quinta, o telefonema durou cerca de 15 minutos

Por FolhaPress
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Marco Rubio e chanceler de Lula combinam encontro em Washington durante ligação

Foto: U.S. Department of State | Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, conversaram por telefone na manhã desta quinta-feira (9), no primeiro contato entre os dois desde que Donald Trump indicou o chefe da diplomacia americana como o principal negociador com o Brasil.

De acordo com pessoas a par da conversa desta quinta, o telefonema durou cerca de 15 minutos. Rubio convidou Vieira para uma reunião em Washington em breve. Vieira aceitou e deve viajar, em data ainda a ser definida pelas duas equipes.

"Na ocasião [da ligação desta quinta], após diálogo muito positivo sobre a agenda bilateral, acordaram que equipes de ambos os governos manterão reunião proximamente em Washington, em data a ser definida, para dar seguimento ao tratamento das questões econômico-comerciais entre os dois países, conforme definido pelos presidentes", disse o Itamaraty, em nota. 

Mais cedo, durante entrevista à rádio Piatã da Bahia, Lula havia antecipado que Vieira e Rubio tinham se falado o presidente disse que a conversa teria ocorrido na quarta (8).

O presidente também comentou o telefonema que teve com com Trump, dizendo que também ficou surpreso com a conversa que "parecia impossível". "Ele me ligou da forma mais gentil que um ser humano pode lidar com outro."

"Eu disse que precisava retirar a taxação dos produtos brasileiros, que ele tinha sido mal informado. Agora começa outro momento. Ainda ontem, a pessoa que ele indicou, que é o secretário de Estado, Marco Rubio, ligou para o meu ministro Mauro Vieira. Talvez a conversa comece a partir de agora", disse Lula.

O secretário de Estado foi designado por Trump para dar sequência às tratativas com Vieira, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o ministro Fernando Haddad (Fazenda).

Como mostrou a Folha de S.Paulo, uma ala do governo Lula e lideranças do setor privado receberam com preocupação a indicação Rubio como o responsável por negociar o tarifaço aplicado pelos Estados Unidos contra o Brasil.

O chefe da diplomacia americana é considerado alguém com forte viés ideológico e que faz oposição ferrenha à esquerda latino-americana, principalmente aos regimes da Venezuela e de Cuba.

Sua escalação também pode indicar, segundo interlocutores, que os americanos tentarão colocar na mesa de negociação temas de alta sensibilidade política, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ações de regulação de redes sociais que os EUA veem como censura.

Apesar dessa avaliação, auxiliares de Lula diretamente envolvidos nas conversas em curso com Washington apostam que prevalecerá o pragmatismo de Trump e que Rubio cumprirá a orientação que receber da Casa Branca.

Uma pessoa com conhecimento das tratativas destaca que Rubio é um profissional da política e que ele já teve relação com diferentes interlocutores brasileiros, inclusive com o ministro Mauro Vieira o atual chanceler era embaixador em Washington quando o americano exercia mandato no Senado.

Neste ano, com a crise bilateral já instalada, Rubio e Vieira tiveram uma reunião no fim de julho, em um escritório de advocacia em Washington. Depois, se falaram ao menos em duas ocasiões por mensagem.

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