Marcos do Val detalha suposto plano de Daniel Silveira para dar golpe de Estado
Em coletiva, senador voltou atrás e disse que Bolsonaro não participou da ação
Foto: Agência Senado
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) revelou na manhã desta quinta-feira (2), em coletiva de imprensa, detalhes do suposto plano elaborado pelo então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) para dar um golpe de Estado. Na ocasião, o parlamentar se contradisse em relação às afirmações que havia feito na madrugada, quando disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compactuou com a ação, e buscou responsabilizar apenas Silveira.
“Em 7 de dezembro [de 2022] estava no plenário e apareceu o Daniel Silveira. [Ele] pediu para que pudesse ir lá fora, porque ele não estava com os trajes [ternos e gravata para permanecer no plenário]. Saí e ele disse que o presidente [Bolsonaro] queria conversar comigo”, contou o parlamentar.
Do Val disse ter achado “estranho” ter sido procurado por Silveira, mas afirmou não ter rechaçado inicialmente o contato. “No dia seguinte não era possível [atender ao pedido de reunião] e perguntei se poderia ser na sexta. Mas eu já estava pensando que precisava reportar ao ministro Alexandre de Moraes. Encontrei com ele no Salão Branco [do STF] e disse que tinha sido abordado pelo Daniel Silveira e perguntei ao ministro o que ele achava, se eu deveria ir ou não. Ele disse ‘vai porque quanto mais informação melhor’. Marquei no dia seguinte”, disse o senador.
Em seguida, Marcos do Val narrou o que aconteceu na reunião com Bolsonaro e Silveira: “Ele [Silveira] tinha dito que iam me pegar em outro veículo. O meu motorista parou em um estacionamento, ele parou um carro atrás, o Daniel já estava lá dentro. Pedi para o meu motorista aguardar, saí do carro, fui para o carro deles”, contou o parlamentar.
“Passei sem ser identificado [na cancela da Granja do Torto] e, para mim, era alguma coisa voltada para a área de inteligência e na questão dos acampamentos nos quartéis. Iniciamos o assunto só eu, Daniel e o ex-presidente [Bolsonaro]. Afirmei que era melhor avisar logo à sociedade que não ia ter nenhuma intervenção militar, e tirasse aqueles brasileiros dali”, seguiu.
“Daniel Silveira começou a fazer a explicação do porquê de eu ter sido chamado”, continuou do Val, que em seguida narrou o plano, segundo ele formulado por Silveira, de marcar uma reunião com Moraes e ir com um equipamento de gravação e tentar instar o ministro do Supremo a admitir algum tipo de intervenção ilegal no processo eleitoral com o objetivo de beneficiar o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Eu disse que iria pensar, e durante todo o processo o ex-presidente estava em silêncio, quem falava era o Daniel”, reforçou.
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