Marinha do Brasil diz que 'opiniões individuais não representam' a Força, sobre delação de Mauro Cid
Apesar do comunicado, a Marinha diz que não se pronunciará sobre processos em andamento
Foto: Lula Marques/Agência Brasil
A Marinha do Brasil declarou na quinta-feira (21), que não teve acesso ao conteúdo da delação premiada feita pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, e que não se pronunciará sobre processos em andamento. Em comunicado, o órgão reforçou que ações e opiniões individuais não refletem a posição da Força. "A Marinha Brasileira, instituição nacional, permanente e regular, reafirma que pauta sua conduta pela fiel observância da legislação, valores éticos e transparência", afirmou a Marinha. O órgão reiterou ainda que atitudes e opiniões individuais não representam a posição oficial da Força e se mantém à disposição da justiça para colaborar integralmente com as investigações.
De acordo com a delação de Cid, os então comandantes do Exército, da Marinha e da Força Aérea teriam se reunido com Bolsonaro para discutir o assunto. Cid afirmou ter participado dessa reunião onde a minuta foi abordada. O tenente-coronel relatou à Polícia Federal que o então chefe da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria afirmado ao ex-presidente que a Força estaria pronta para uma intervenção militar.
A defesa de Bolsonaro, ao ser contatada, emitiu uma nota destacando que durante todo o seu governo nunca apoiou movimentos ou projetos que não estivessem respaldados pela lei e dentro dos limites da Constituição Federal. E afirmou que adotará medidas judiciais contra qualquer manifestação caluniosa.
Cid fechou o acordo de delação premiada com a PF no início deste mês e o mesmo foi homologado pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes. Ele é investigado por participação em fraude em cartões de vacinação e por tentativa de golpe de Estado. Além disso, é investigado no caso das jóias estrangeiras supostamente dadas a Jair e Michelle Bolsonaro e pelos atos do 8 de Janeiro.
A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de Janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que o colegiado deve incluir na lista de pedidos a serem votados a convocação do almirante Almir Garnier Santos e a quebra do sigilo telemático do militar.