Me Too declara que Silvio Almeida tentou 'desviar atenção' ao insinuar relação de ONG em licitação do governo
Em setembro, Silvio Almeida foi exonerado por Lula depois de denúncias de assédio e importunação sexual serem publicadas pela ONG Me Too
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Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
A ONG Me Too Brasil publicou na última terça-feira (25) uma nota em que combate falas do ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida de que o órgão teria procurado estabelecer uma relação com o ministério, através de uma licitação do Disque Direitos Humanos — Disque 100.
De acordo com a ONG, Almeida estaria "desviando o foco" das denúncias de assédio e importunação sexual contra mulheres as quais foi acusado em setembro de 2024.
A fala de Almeida foi dada ao portal UOL em entrevista na última segunda (24). No momento, o ex-ministro afirmou que foi avisado sobre a possível relação entre a ONG e o ministério. Por esse motivo, teria direcionado o caso para investigação.
Silvio Almeida foi exonerado pelo governo depois da disseminação das denúncias realizadas para a ONG Me Too. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, prestou depoimento em outubro de 2024 sobre o caso.
Uma nota divulgada no website do Ministério dos Direitos Humanos no tempo em que Almeida ainda estava no comando da pasta ainda reiterava que o Me Too Brasil tinha tentado influenciar na licitação e apontou suspeita de superfaturamento.
"Tanto a nota quanto a entrevista concedida pelo acusado nesta segunda-feira [24] ao UOL configuram tentativas de desviar a atenção dos graves relatos apresentados pelas vítimas de assédio sexual. Essa postura, comum entre acusados de assédio, visa desmoralizar as vítimas e atacar quem traz à tona os abusos, desviando o foco da apuração dos fatos", declarou o Me Too.
A ONG salientou também que procurou o Ministério dos Direitos Humanos, em setembro de 2024, via Lei de Acesso à Informação (LAI) e que a pasta declarou que:
Não há sinais de abertura de processos administrativos, auditorias ou identificação de irregularidades na licitação do Disque Direitos Humanos – Disque 100.
Organizações não governamentais, como o Me Too Brasil, não podem e nem participaram do processo.
Não teve nenhum superfaturamento no processo licitatório.
Assim, a ONG salientou que não participou da licitação e disse que se solidariza às vítimas.
Andamento do caso
A Polícia Federal (PF) deve finalizar nas próximas semanas o inquérito iniciado contra Silvio Almeida por importunação sexual. Pessoas relacionadas às investigações creem que o ex-ministro deve ser indiciado.
As vítimas já foram ouvidas pelos investigadores. Os depoimentos são conservados sob sigilo para assegurar a intimidade das denunciantes, porém investigadores dizem que as falas são contundentes.
A defesa de Silvio Almeida comunicou que espera acesso aos autos. O inquérito é físico e sigiloso. Silvio Almeida negou as acusações quando as denúncias foram apresentadas.