Medalhista olímpica do Irã admite deserção do país nas redes sociais.
Kimia Alizadeh diz não compactuar com a "hipocrisia" e "mentiras" do sistema político do Irã.
Foto: Reprodução / Instagram
A única medalhista olímpica do Irã, Kimia Alizadeh, com medalha de bronze no taekwondo no Rio-2016, anunciou em suas redes sociais que abandonou definitivamente seu país, por não compactuar com o uso político dos atletas pelo governo iraniano.
"Começo com um olá, adeus ou condolências?", escreveu a campeã em sua conta no Instagram, em um momento de turbulência que o país enfrenta com as manifestações nas ruas, após a morte do general da guarda revolucionária do país, Qassem Soleimani, e a comoção pela tragédia aérea com o avião 737 da Ucrânia Airlines, abatido acidentalmente por um míssil lançado pelo exército iraniano em Teerã.
"Fomos parte de milhões de mulheres oprimidas no Irã com as quais tenho competido há anos. Tenho feito tudo o que me dizem", disse Kimia, em referência ao véu islâmico obrigatório a todas as mulheres iranianas, especialmente no esporte. "Tenho repetido tudo o que me obrigaram a dizer, nenhuma de nós lhes importa".
A esportista de 21 anos criticou a "hipocrisia", a "mentira", e a "injustiça" que imperam no sistema político iraniano. Ela ressaltou também, que não quer nada além do "taekwondo, segurança e uma vida feliz e saudável".
Kimia Alizadeh não falou onde se encontra e negou que algum país europeu a tenha convidado. Na quinta-feira, circulou a informação de que teria desertado para a Holanda.
Sem comentar nada em relação aos seus projetos futuros, a medalhista olímpica garantiu que segue sendo "uma menina iraniana" onde estiver.