Médico responsável pelo aborto na menina vítima de estupro critica protestos: "Tristeza"
"Obrigar uma criança a ter uma gravidez forçada é um absurdo", disse Olímpio Barbosa
Foto: Divulgação
Em entrevista à rádio BandNews FM, o médico responsável pela realização do aborto legal em uma criança de dez anos que foi estuprada pelo tio durante quatro anos, Olímpio Barbosa, criticou os protestos realizados no domingo (16), em frente ao Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM), em Pernambuco, contra o procedimento.
Durante a fala, o médico classificou o ato como "tristeza" e disse "Nunca passei por nada parecido".
"Foi de tristeza, pessoas que defendem a vida chamando a criança de assassina, querendo fazer justiça dessa forma, logo em uma maternidade que acolhe mulheres em risco, fazendo barulho em um hospital com 104 mulheres internadas. Nunca passei por nada parecido", declarou Olímpio Barbosa.
Em outro trecho da entrevista, o médico disse ser "comum" a entrada de meninas entre 11 e 12 anos vítimas de crime sexual na unidade e que, por ano, a CISAM realiza cerca de 50 procedimentos de aborto legal em meninas dessa faixa etária.
"Se nós não fizéssemos nada, o Estado brasileiro estaria conivente com a dor e a violência. O mais importante é que ela não queria, foi torturada, obrigar uma criança a ter uma gravidez forçada é um absurdo", completou Olímpio Barbosa.
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