Memorial do Holocausto é pichado em Paris

Um museu, três sinagogas e um restaurante foram alvos de vandalismo na capital francesa

Por Da Redação
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Atualizado
Memorial do Holocausto é pichado em Paris

Foto: Reprodução/Redes sociais

O Memorial da "Shoah", como comumente chamado o Holocausto pela comunidade judaica, três sinagogas e um restaurante no centro de Paris sofreram com atos de vandalismo durante a madrugada desta sexta-feira (30) para este sábado (31). Os policiais descobriram as pichações em uma ronda realizada por volta das 5h15 (hora local, 0h15 em Brasília). Autoridades francesas e da comunidade religiosa judaica reagiram aos ataques por meio das redes sociais. 

No restaurante judaico Chez Marianne foi achado um balde de tinta parcialmente utilizado. Outros locais como a sinagoga des Tournelles, a sinagoga Agoudas Hakehilos e no Memorial do Holocausto também tinha marcas de tinta verde, todos estão situados no 4º distrito de Paris, conhecido por concentrar um grande número de moradores judeus. Até o momento, não foram encontradas mensagens nem reivindicações.

A polícia parisiense comunicou que outra sinagoga, desta vez no 20º distrito, também foi alvo do mesmo tipo de ataque com tinta verde. “Perícias foram realizadas e uma investigação está em andamento”, disse a polícia.

O Ministério Público de Paris informou que Polícia Judiciária está investigando os atos de vandalismo e segue a linha de “danos motivados por religião”, 

“Tristeza” e “indignação”

O presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (Crif), Yonathan Arfi, disse que “muita tristeza e indignação ao ver essas imagens de locais judaicos depredados nesta manhã”.

O ministro francês do Interior, Bruno Retailleau, escreveu na rede social X: “Imenso nojo diante desses atos odiosos contra a comunidade judaica”.

A eurodeputada Manon Aubry, do partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI), também falou sobre os ataques: “Repulsa diante desses atos antissemitas. O racismo é um veneno. A unidade do povo é seu antídoto”. O partido dela tem sofrido acusações recorrentes de antissemitismo.

“Não sabemos quem está por trás desses atos de vandalismo, mas é evidente o simbolismo envolvido”, afirmou Ariel Weil, prefeito do centro de Paris, ao portal de notícias FranceInfo. “É preciso ter cuidado com esses danos simbólicos, pois eles abrem caminho para a violência simbólica — que, como sabemos pela história, pode evoluir para a violência física”, continuou.

Weil disse que é preciso agir com cautela, já que as imagens de vigilância das áreas vandalizadas ainda estão sendo examinadas pela polícia. “Não vamos tirar conclusões precipitadas”, declarou. “Não sabemos se se trata diretamente de um ato antissemita ou se alguém está tentando acirrar ainda mais os ânimos”, continuou. “Vivemos um clima muito tenso, marcado por indignação verbal, violência simbólica e ataques nas redes sociais”, exclamou o prefeito franco-israelense.

Já o outro lado da política, o presidente do partido de extrema direita Reunião Nacional, Jordan Bardella, colocou os atos de vandalismo como “insuportáveis” e “claramente a marca do antissemitismo que se espalha pelo país”. “É preciso mobilizar todos os meios para identificar os autores e puni-los exemplarmente”, apontou.

Laurent Wauquiez, líder dos deputados do partido de direita, Os Republicanos, disse: “Penso nos Justos que salvaram judeus durante a guerra e sinto vergonha do que se passa hoje. Não quero ver a França seguir por esse caminho. Somos melhores que isso”.

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