Microcrédito passa a ser operado através de plataformas digitais
Com o objetivo de ampliar o sistema, o governo adotará medidas para baratear, simplificar e aumentar a oferta de microcrédito

Foto: Ilustração
Reduzir o custo do crédito e aumentar o acesso de pessoas físicas e empresas, principalmente as pequenas e médias, o governo, através do Ministério da Economia junto com o Banco Central (BC) vêm adotando algumas Medidas Provisórias (MP) para facilitar e ampliar a concessão de microcrédito.
O objetivo do Novo Microcrédito é beneficiar 4 milhões de empreendedores e alcançar 16 milhões de pessoas, já que atualmente o público atendido é inferior a 2 milhões. De acordo com a reportagem do portal Valor.Globo, o sistema não tem crescido porque o número de novos entrantes é irrisório, o que sugere que o crédito, de menor custo do mercado, só chega aos clientes que já o recebem.
Atualmente, as duas grandes plataformas nessa área são a do Banco do Nordeste do Brasil e a do Banco Santander, e para ampliar o sistema, o governo adotará medidas para baratear e simplificar a oferta de microcrédito através do acesso ao benefício por meio das plataformas digitais.
O microcrédito é um bom negócio para quem atua com essa linha. O ROE (sigla em inglês de taxa de retorno sobre o capital disponibilizado) está na faixa de 30% a 40%, provavelmente o mais alto do setor financeiro. A taxa de inadimplência é de apenas 1,7%, quase a metade das outras linhas de crédito.
Para facilitar o procedimento do empréstimo e permitir que plataformas digitais possam operar no segmento, o procedimento, que precisava ser presencial, deixará de ser obrigatoriamente por intermédio face a face entre o cliente e o gerente da instituição.
A mudança é imperativa por causa da grave crise fiscal que o Brasil atravessa desde 2014, quando o setor público consolidado (União, Estados e municípios) não conseguiu mais gerar sequer saldos primários (conceito que não inclui a despesa com juros da dívida) nas contas. Por isso, o novo plano da equipe econômica é substituir o crédito público, direcionado e subsidiado, pelo crédito privado.
Ainda de acordo com a reportagem do portal Valor.Globo, em 2019, segundo dados do BC, esse segmento de crédito já caiu 12 pontos percentuais. Dentro do governo, houve surpresa inclusive com o desempenho dos desembolsos do BNDES, cuja desaceleração na concessão de empréstimos foi maior que a esperada.
O governo está acelerando o envio de projetos de lei ao Congresso Nacional, enquanto, internamente, adota medidas administrativas que diminuam a burocracia, estimulem a entrada de novas empresas no mercado de crédito e, assim, aumentem a concorrência nesse mercado.