Mídia internacional destaca crise no Brasil e presidente sob pressão
Jornais criticam as mudanças em seis ministérios promovidas por Bolsonaro
Foto: Isac Nóbrega/PR
A imprensa internacional destacou nesta quinta-feira (1°), o que chama de crise política no Brasil depois das mudanças do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) promovidas nos ministérios e nas Forças Armadas. A emissora americana CNN publicou uma extensa reportagem dizendo que a turbulência política no Brasil tem ofuscado a crise sanitária causada pela pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. "Os brasileiros estão cada vez mais descontando sua raiva em Bolsonaro, que minimizou o vírus desde o início", diz a emissora, que ainda destacou a queda de popularidade do presidente.
De acordo com a reportagem, as mudanças em seis ministérios promovidas pelo presidente têm o objetivo de "aumentar o apoio (do Centrão), dando cargos ministeriais a esses partidos e substituindo o ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo". Entre essas mudanças, a demissão do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e a consequente saída dos três comandantes das Forças Armadas foi a que mais teve repercussão.
Já o jornal britânico The Guardian, disse que a crise política e sanitária do país aumentou a pressão em cima de Bolsonaro, com políticos da oposição pedindo o impeachment do presidente. Além disso, o veículo destaca declarações de parlamentares brasileiros, como a do líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon. "Há uma tentativa aqui do presidente de conseguir um golpe - já está em andamento - e é por isso que estamos reagindo", disse o deputado.
Com a avaliação de especialistas, o jornal diz que os motivos "da súbita e dramática fissura entre o presidente de extrema direita do Brasil e os militares que ajudaram a levá-lo ao poder em 2018" ainda precisa ser explicada.
Forças Armadas
"Bolsonaro tenta reprimir as Forças Armadas" é manchete desta quinta (1°), do jornal conservador Le Figaro. Le Figaro destaca que a decisão de Bolsonaro de demitir o ministro da Defesa, dizem rumores, porque Fernando Azevedo e Silva teria proibido as Forças Armadas de interferirem em questões políticas, suscitou um forte mal-estar entre os militares e uma grande preocupação por parte da oposição.
Lula
O jornal católico francês La Croix publicou uma reportagem, assinada por sua correspondente em São Paulo, Marie Naudascher, sobre a guerra aberta entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Bolsonaro e Lula calibram suas armas em um Brasil em crise" é manchete do diário. Segundo a reportagem, diante da situação da epidemia, a tensão aumenta entre o atual chefe de Estado e o ex-presidente, antecipando um provável duelo nas eleições presidenciais de 2022. A reportagem afirma ainda que o retorno de Lula à política surpreendeu Bolsonaro, o que o incitou a adotar gestos inéditos durante a crise sanitária.