Anielle Franco relata à PF que assédio de ex-ministro Silvio Almeida começou durante transição de governo
Depoimento faz parte de inquérito sobre supostos atos de assédio moral e sexual
Foto: Divulgação/Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, prestou depoimento à Polícia Federal, nesta quarta-feira (2), afirmando que os atos inapropriados atribuídos ao ex-ministro Silvio Almeida tiveram início durante a transição de governo. As acusações de assédio moral e sexual deram início às investigações que gerou a demissão de Almeida do Ministério dos Direitos Humanos.
No depoimento, Anielle Franco mencionou que as ações escalaram até chegarem à importunação sexual, ocorrendo também durante viagens internacionais. Ela relatou que os episódios começaram no processo de transição, ainda em 2022, e continuaram durante o exercício de Almeida como ministro.
O ex-ministro Silvio Almeida nega as acusações e classifica como "ilações absurdas". Enquanto ainda ocupava o cargo de ministro, ele pediu formalmente que os fatos fossem investigados.
Entenda o caso
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, foi denunciado por supostos episódios de assédio sexual contra mulheres. As denúncias foram feitas à organização Me Too Brasil, instituição que acolhe vítimas de violência sexual. O Me Too alega ter recebido denúncias de mais de uma mulher, incluindo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
A organização afirmou que as informações foram apuradas com 14 pessoas, entre ministros, assessores do governo e amigos de Anielle Franco. Os episódios incluem toque nas pernas, beijos ao cumprimentá-la e expressões de cunho sexual. Os assédios teriam ocorrido em 2023.
O Me Too não divulgou os nomes das mulheres que fizeram as denúncias, não confirmando se a ministra teria denunciado Silvio Almeida. Anielle não se pronunciou sobre o caso. A instituição reforçou que não compartilha informações da vítima sem consentimento.
Reconhecimento internacional
No mesmo dia do depoimento, Anielle Franco foi incluída na lista das 100 pessoas mais influentes da nova geração pela revista americana Time. O reconhecimento destaca sua atuação em prol da igualdade racial e justiça social.
Em declaração oficial, a ministra dedicou o prêmio às mulheres negras e às periferias do Brasil. "Este reconhecimento é um reflexo do trabalho coletivo por uma sociedade mais justa", afirmou.
Além de Anielle, a lista da Time inclui personalidades como a cantora Sabrina Carpenter e o jogador de basquete Jaylen Brown. Em 2023, Franco também foi eleita uma das mulheres do ano pela revista.