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Moradores de Brumadinho estão expostos a metais pesados, diz pesquisa

Fiocruz e UFRJ analisam saúde da população afetada pelo rompimento da barragem da Vale

Por Da Redação
Ás

Moradores de Brumadinho estão expostos a metais pesados, diz pesquisa

Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros de Minas Gerais

Pesquisadores da pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam em um estudo, divulgado na última quinta-feira (7), os níveis elevados de metais no sangue e na urina de moradores de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O estudo busca avaliar as condições de vida, saúde e trabalho da população da cidade após o rompimento da barragem da Vale, em 2019, que causou 270 mortes. Ao todo, são 3.297 participantes. Entre os adultos, 33,7% apresentaram níveis aumentados de arsênio total na urina e 37%, de manganês no sangue. Entre os adolescentes, foram detectados níveis de metais acima dos limites de referência, em todo o município. Cerca de 28,9% tinham arsênio na urina acima do limite, 52,3% apresentaram mais manganês no sangue e 12,2% chumbo no sangue acima do limite de referência. 

Crianças de 0 a 6 anos também foram avaliadas, por meio de exames de urina. Em todas as 172 amostras consideradas válidas para análise foi detectada a presença de pelo menos um dos cinco metais em avaliação (cádmio, arsênio, mercúrio, chumbo e manganês). Metade das crianças (50,6%) tinha pelo menos um metal em níveis acima do valor de referência. Os participantes da pesquisa serão acompanhados até 2024.

Saúde

Os pesquisadores também analisaram as condições de saúde da população de Brumadinho. Os resultados chamaram a atenção para a referência a problemas respiratórios. Quando perguntados se já haviam recebido diagnósticos de doenças crônicas, 12,3% dos adolescentes citaram asma ou bronquite asmática. Mas, em algumas regiões específicas, atingidas diretamente pelo rompimento da barragem, esse percentual foi maior: 23,8% no Parque da Cachoeira e 17,1% no Córrego do Feijão.

"Os sintomas da alta concentração de metais são pouco específicos, mas, de maneira geral, eles têm impacto na função hepática, renal e também no sistema nervoso central nervoso. A questão neurológica também é afetada. No entanto, um único exame, como fizemos, só indica que há exposição. Não conseguimos medir se há intoxicação ou impacto clínico. É preciso acompanhar clinicamente para saber se alguma manifestação futura pode acontecer", explica o pesquisador da Fiocruz Minas e coordenador-geral da pesquisa, Sérgio Peixoto.

Segundo ele, o estudo não aponta a alta exposição a metais entre a população de Brumadinho como impacto da ruptura da barragem. "Estamos analisando o momento pós-rompimento, não temos os dados de antes. O que tentamos fazer foi pegar comunidades diretamente impactadas pela lama e uma outra comunidade que vive com atividade de mineração cotidianamente, mas não viveu o rompimento", explicou o pesquisador.

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